Com a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA sobre a democrata Kamala Harris, a China se prepara para mais quatro anos de intensa rivalidade entre superpotências, abrangendo questões de comércio, tecnologia e segurança. Trump demonstrou força em diversas regiões do país, conquistando uma parcela maior do voto nacional em comparação com quatro anos atrás, conforme indicam os boletins de apuração.
Estrategistas chineses observam que, embora esperem retórica agressiva e possíveis tarifas prejudiciais por parte de Trump, alguns enxergam que sua abordagem externa isolacionista poderia oferecer à China uma oportunidade para ampliar sua influência global. Tong Zhao, pesquisador sênior da Carnegie Endowment for International Peace, mencionou que Pequim antecipava uma eleição acirrada nos EUA e embora a vitória de Trump não seja a preferida pela China, não é totalmente surpreendente.
Da Wei, diretor do Centro de Segurança Internacional e Estratégia da Universidade Tsinghua em Pequim, destacou que a vitória de Trump pode representar um desafio significativo para as relações sino-americanas, considerando suas propostas de campanha e ações anteriores. A ameaça de tarifas por parte de Trump, com propostas de tarifas superiores a 60% sobre importações chinesas e a revogação do status de nação mais favorecida da China no comércio, abalou a liderança chinesa.
A China, que vende mais de US$ 400 bilhões em bens anualmente para os EUA, está cautelosa com a possibilidade de uma nova guerra comercial sob Trump, especialmente diante dos desafios econômicos internos em curso. Em resposta, a China provavelmente intensificará esforços para alcançar maior autossuficiência tecnológica e econômica, ao mesmo tempo em que fortalecerá laços econômicos com outros países, como a Rússia.
Com um possível vácuo de poder global devido à abordagem de Trump, a China provavelmente buscará fortalecer laços com o Sul Global, a Europa e o Nordeste Asiático, aproveitando oportunidades criadas pela postura externa isolacionista do presidente americano.
A reaproximação entre Xi Jinping e Narendra Modi, juntamente com contatos cautelosos com o novo governo japonês, sinalizam essa estratégia de busca por novos espaços de influência. A administração Biden, por sua vez, adotou abordagens mais pressionantes em relação a Taiwan, marcando uma mudança significativa em relação à gestão anterior.