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Bolsonaro age como mafioso e propõe “perdão” em troca de tarifa nas redes

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, e Donald Trump, presidente dos EUA – Foto: Jair Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu neste domingo (13) que a solução para barrar a tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros seria a aprovação de uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Em postagem nas redes, Bolsonaro afirmou que a medida americana “tem mais a ver com valores e liberdade do que com economia” e condicionou o “perdão entre irmãos” à harmonia entre os Poderes.

A proposta, que na prática beneficiaria o próprio Bolsonaro — réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe — soa como uma chantagem explícita. Ao atrelar uma medida de impacto econômico internacional à absolvição de aliados golpistas, o ex-presidente trata o Estado como moeda de troca de seus interesses pessoais e jurídicos.

Aliados como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também têm defendido abertamente a ideia de que a “anistia ampla, geral e irrestrita” seria suficiente para fazer Trump recuar. Em entrevista recente, Flávio chegou a afirmar que, se o Congresso pautar o projeto, a sobretaxa poderia ser retirada. A manobra é encarada por setores políticos e jurídicos como uma tentativa de submeter o país a uma lógica de máfia — onde a lealdade ao “chefe” se sobrepõe à soberania nacional.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), olhando pra frente, sério, sem olhar para a câmera
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) – Reprodução

A movimentação bolsonarista gerou reação imediata no Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ignorou o requerimento de urgência do PL e, junto com Davi Alcolumbre (União-AP), declarou que a negociação com os EUA é uma atribuição do Executivo e da diplomacia — não de grupos políticos com interesses pessoais no caso.

Do lado do governo, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou que será publicado até terça-feira (15) um decreto com base na Lei da Reciprocidade, sancionada por Lula. A medida permitirá ao Brasil aplicar contramedidas comerciais à tarifa de Trump. Segundo Alckmin, a sobretaxa não tem justificativa e será combatida com firmeza, embora o governo ainda tente reverter o cenário por vias diplomáticas.

Bolsonaro tenta reescrever o papel do país nas relações internacionais, como se o Brasil pudesse ser refém de pressões de um ex-presidente estrangeiro para livrá-lo das consequências legais de seus atos. Ao colocar os interesses pessoais acima dos nacionais, ele escancara um projeto de poder que opera à margem da legalidade, em nome de um grupo que age como organização — e não como representação política legítima.

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