POLÍTICA

Trump mira o Pix por eficiência que ameaça big techs americanas, diz Meirelles

Henrique Meirelles, então secretário da Fazenda de São Paulo, durante evento realizado pela organização social Comunitas, em 2019. Foto: Divulgação

O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou que o Pix virou um dos principais alvos do governo de Donald Trump por ser um sistema mais eficiente que os métodos de pagamento usados pelos americanos. Em entrevista à BBC News Brasil, Meirelles disse que o Pix “é mais eficiente, não há dúvidas, e isso beneficia a economia brasileira. É melhor do que todo o sistema de pagamento nos Estados Unidos”, afirmou.

Meirelles relacionou diretamente o ataque ao Pix ao incômodo das big techs como Google, Apple e Meta, que oferecem serviços concorrentes como Apple Pay, Google Pay e WhatsApp Payments. Para o ex-ministro, Trump estaria atendendo a pressões dessas empresas ao incluir o Pix na lista de itens que sofrerão investigação comercial, dentro da guerra tarifária iniciada pelo republicano.

O ex-ministro da Fazenda lembrou que o tarifaço de 50% anunciado por Trump, com previsão para entrar em vigor em 1º de agosto, se justifica não apenas por interesses econômicos, mas também políticos, como forma de pressionar o Brasil diante das decisões do Supremo Tribunal Federal em relação a Jair Bolsonaro e ao combate à desinformação nas redes sociais. “Decisões judiciais não são negociáveis. O governo brasileiro não vai negociar em nome do Supremo, não faz sentido isso”, alertou Meirelles.

Logo do Pix. Foto: Reprodução.

Além disso, o ex-ministro criticou a acusação americana de que o Brasil praticaria comércio desleal ao cobrar tarifas menores de países como México e Índia, prejudicando os EUA. “O Brasil faz taxações generalizadas para proteger determinados mercados, mas eu não vejo benefício específico para alguns países”, disse.

Sobre a possibilidade de retaliação brasileira ao tarifaço, Meirelles avalia que o governo Lula deve negociar uma revisão das tarifas e, se necessário, abrir mão de algumas das tarifas que o Brasil já impõe aos EUA. Porém, advertiu que qualquer resposta deve ser cuidadosa para não provocar efeitos inflacionários ou prejudicar a economia.

Meirelles também reforçou que o Brasil deveria ampliar relações comerciais com a Ásia, especialmente com a China, e tentar fortalecer acordos com a União Europeia, apesar das resistências internas do bloco. “O Brasil não tem nenhum confronto com a China. Certamente a questão com Trump é evidente, mas não há grandes problemas de relacionamento com outros parceiros”, pontuou.

Na entrevista, Meirelles ainda comentou que o impacto direto do tarifaço seria menor nas commodities, mas preocupante para setores específicos como o de aeronaves. Também afirmou que o governo Lula tem manejado bem a crise, que, segundo ele, beneficia a popularidade do presidente e prejudica adversários de direita como Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas.

Enquanto isso, Alexandre de Moraes, do STF, continua na mira do bolsonarismo e de aliados de Trump. Moraes reafirmou nesta semana que o tarifaço faz parte de uma tentativa de gerar crise econômica no Brasil para interferir no andamento da Ação Penal 2.668/DF, que acusa Bolsonaro e aliados de tentativa de golpe.

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