
As tarifas de 50% impostas pelos EUA contra produtos brasileiros entram em vigor nesta quarta-feira (6), após decreto assinado pelo presidente Donald Trump. A medida, que adiciona 40% às tarifas já existentes, foi justificada pela Casa Branca como uma resposta a práticas do governo brasileiro que seriam uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança, economia e política externa dos EUA. Apesar disso, a decisão inclui uma lista de quase 700 produtos que ficam isentos da taxa, como suco de laranja, combustíveis, aeronaves civis e veículos.
O governo americano afirma que as novas sanções visam combater abusos de autoridade no Brasil, citando diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O comunicado da Casa Branca o acusa de “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos”, além de impor sanções a empresas americanas que se recusaram a seguir ordens judiciais brasileiras.
Segundo o texto divulgado, Trump está “protegendo cidadãos americanos contra perseguição política” e defende que as ações do STF brasileiro representam uma forma de censura que afeta diretamente os interesses dos EUA.
Como parte das sanções, o governo americano também bloqueou os vistos de ministros da Suprema Corte brasileira, incluindo Moraes, Barroso, Fachin, Toffoli, Zanin, Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. Ficaram fora da lista os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.
O Palácio do Planalto tenta manter aberta a possibilidade de diálogo com os Estados Unidos, mas admite que as negociações estão travadas. Apesar de Trump ter dito que Lula “pode ligar quando quiser”, o mandatário brasileiro afirmou que só pretende fazer esse contato quando houver clareza sobre o que pode ser negociado.
O presidente também revelou que está finalizando um plano de contingência para apoiar as empresas brasileiras prejudicadas pelas tarifas.

No momento, auxiliares avaliam que uma ligação sem alinhamento prévio pode prejudicar ainda mais o canal de negociação. A declaração do representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, no domingo (3), de que é “improvável” firmar novos acordos nos próximos dias, aumentou o pessimismo.
Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que pretende se reunir nesta semana com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Segundo Haddad, esse encontro pode preparar o terreno para uma conversa entre Lula e Trump. O governo brasileiro busca uma solução diplomática que evite mais prejuízos econômicos, mas reconhece que o cenário atual é de impasse.