
O jornal The New York Times publicou, nesta segunda-feira (28), um editorial assinado por Jack Nicas, correspondente do veículo no Brasil, em que destaca e elogia a firmeza do governo brasileiro diante das ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Intitulada “Sovereignity Is Having a Moment” (“A soberania está na moda”, em tradução livre), a matéria afirma que países das Américas têm redescoberto a importância de sua soberania nacional diante das pressões da política externa de Trump, e o Brasil, segundo o jornal, tem sido o exemplo mais resistente.
No trecho dedicado ao Brasil, o NYT aponta que, ao contrário de países como Colômbia e Panamá, o governo Lula tem se recusado a ceder aos apelos do republicano, que tenta interferir em uma investigação judicial no país. “O Brasil pode mostrar ao mundo o que acontece quando o governo Trump encontra pela frente uma nação soberana que não acata ordens”, escreveu Nicas.
“O Brasil, no entanto, parece menos propenso a ceder. Seu governo vê o processo criminal que Trump quer enterrar como central para a democracia da nação. O Supremo Tribunal Federal respondeu às ameaças de Trump colocando Bolsonaro em uma tornozeleira eletrônica. E Lula prometeu tarifas retaliatórias”, disse em outro trecho.
O texto contextualiza a crise: Trump ameaçou impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros caso o país não encerrasse o processo criminal contra Jair Bolsonaro, acusado de tentar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022.

A ameaça, considerada grave interferência em assuntos internos, foi amplamente rechaçada pelo presidente Lula, que passou a enfatizar publicamente a importância da soberania nacional.
Desde então, Lula tem feito declarações duras em discursos e nas redes sociais, com mensagens como “o Brasil pertence aos brasileiros”, além de adotar como símbolo um boné com essa mesma frase. “Ele foi eleito para cuidar do povo americano. O povo brasileiro sabe cuidar de si mesmo”, afirmou Lula sobre Trump, em uma fala destacada na reportagem do NYT.
A matéria também compara a resposta brasileira à de outros países que preferiram ceder às imposições. Enquanto Colômbia aceitou voos de deportação e Panamá permitiu a expansão da presença militar dos EUA, o Brasil reafirmou que não aceitará interferência em suas instituições.
Para o New York Times, isso transforma o país em um “teste de fogo” sobre o que acontece quando Trump enfrenta uma nação soberana que se recusa a obedecer ordens.