
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (16) que vai oficiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), após o advogado Jeffrey Chiquini, defensor do ex-assessor presidencial Filipe Martins, sugerir que Tarcísio esteve presente em uma reunião no Palácio da Alvorada, em 2022, onde foi discutida a chamada minuta do golpe. A declaração gerou forte tensão na sessão, com troca de acusações entre o relator e o advogado.
Segundo Chiquini, tanto Filipe Martins quanto Tarcísio registraram entrada no Alvorada no mesmo dia e em horário semelhante. Moraes destacou que Tarcísio não é investigado no caso e criticou a insinuação feita na audiência. Após novo embate verbal, o ministro anunciou que comunicará oficialmente o governador sobre a acusação apresentada em plenário.
O episódio ocorre em meio ao aumento das críticas ao papel político de Tarcísio. Governador de São Paulo e figura tida como “presidenciável”, ele recentemente deu declarações em defesa do tarifaço imposto por Donald Trump contra o Brasil, classificando as taxas de 50% sobre produtos brasileiros como “um assunto que precisa ser despolitizado”. A fala contradiz a postura do governo federal, que vê nas tarifas uma retaliação ideológica do trumpismo à posição soberana do Brasil na arena internacional — e também um gesto em defesa de Jair Bolsonaro, que enfrenta ações no STF.
Aliado histórico de Bolsonaro, Tarcísio tem buscado preservar a relação com o ex-presidente mesmo em meio ao avanço das investigações sobre a tentativa de golpe. Ao apoiar as tarifas norte-americanas e ser citado em uma possível reunião golpista, ele se vê cada vez mais no centro das disputas judiciais e diplomáticas que cercam o bolsonarismo. Moraes, por sua vez, já deixou claro que vai apurar formalmente a informação levantada no julgamento.