
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou nesta segunda-feira (21) que pretende priorizar temas como saúde, educação e segurança pública, em vez de se concentrar no debate sobre anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. A afirmação foi feita durante cerimônia em São João del-Rei (MG), que marcou os 40 anos do falecimento do ex-presidente eleito Tancredo Neves, segundo o Estadão Conteúdo.
“É nessa agenda que nós temos que focar. Devemos gastar nossa energia com o que realmente representa avanços no País, como os problemas da saúde, da educação e da segurança pública”, disse Motta. “E peço que o Parlamento se concentre nessa agenda, que é o que a população realmente nos pede neste momento”, acrescentou.
Embora enfatize temas mais abrangentes, o presidente da Câmara ressaltou que mantém diálogo constante com lideranças partidárias, do Senado e de outras instituições sobre a proposta de anistia, questão que divide os parlamentares.
“É um tema que, como todos sabem, divide a Casa. Eu tenho procurado, nesses pouco mais de dois meses de gestão, conduzir os trabalhos com muita serenidade e equilíbrio”, afirmou Motta.
Desde o começo de 2025, aumentou a pressão pela anistia, com mobilizações de opositores no plenário da Câmara. Em março, um protesto em Copacabana reuniu 18,3 mil pessoas, segundo dados do Monitor do Debate Público do Meio Digital da USP. Em abril, na Avenida Paulista, participaram 44,9 mil pessoas, conforme o mesmo estudo.
Em 14 de abril, o PL protocolou requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto de lei da anistia. O documento conseguiu 262 assinaturas, cinco além das 257 necessárias para aprovação.
A pressão sobre o tema tem reduzido o ritmo dos trabalhos legislativos e afetado a agenda do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sob a presidência de Motta, a Câmara registrou queda de aproximadamente 48% no volume de votações em comparação ao período correspondente da gestão de Arthur Lira (PP-AL).