
Além de manter em seu gabinete três servidoras com rotinas incompatíveis com o cargo público, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), contratou ao menos cinco familiares dessas funcionárias ao longo dos últimos anos. As informações foram reveladas pela Folha de S.Paulo, em reportagem de Lucas Marchesini e Raphael Di Cunto.
Duas das funcionárias foram exoneradas nesta semana, após a reportagem questionar suas atividades fora da Câmara. Uma delas é a fisioterapeuta Gabriela Pagidis, que atendia em clínicas do Distrito Federal enquanto recebia R$ 11,4 mil como assessora parlamentar. A outra é Monique Magno, que acumulava o cargo na Câmara com o de assistente social na Prefeitura de João Pessoa (PB), o que é vedado pelas normas da Casa.
Gabriela teve quatro parentes empregados no gabinete de Motta entre 2021 e 2022: a mãe, Athina Pagidis (chefe de gabinete entre 2011 e 2019); a tia Adriana; a irmã Barbara; e o primo Felipe Pagidis. Em determinado período, todos constavam simultaneamente na folha de pagamento do gabinete do deputado em Brasília.
Adriana, que deixou o cargo em 2022, ainda prestaria serviços ao parlamentar, segundo assessores. Felipe, por sua vez, atualmente está lotado no gabinete do deputado Wellington Roberto (PL-PB), mas não foi localizado em Brasília.
Já Monique Magno, funcionária de Motta desde 2019, também teve a mãe, Marcia Agra de Souza, contratada pelo gabinete entre 2011 e 2015. Marcia atualmente trabalha com o deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), embora mantenha escritório na Paraíba — o que fere o regimento da Câmara, que proíbe contratação de secretários parlamentares fora do estado de origem do deputado ou do Distrito Federal.
Procurado, Hugo Motta não respondeu sobre os vínculos familiares em seu gabinete. Sobre os casos de funcionários fantasmas, disse apenas que “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações” e que a atuação remota está prevista nas normas da Câmara. Após a divulgação do caso, ele confirmou a demissão de Gabriela e Monique.
A contratação de parentes no mesmo gabinete não é considerada irregular pela Câmara, desde que não envolva familiares do próprio parlamentar.
Com Mídia Ninja