
O governo federal decidiu que não adotará uma resposta única ao tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros. A reação será estruturada por setor da economia, com medidas específicas voltadas a cada segmento produtivo. A estratégia foi definida em reunião de emergência convocada por Lula nesta quarta-feira (30), no Palácio do Planalto.
De acordo com o Metrópoles, os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) foram encarregados de apresentar levantamentos sobre os impactos diretos da medida nas exportações brasileiras. O vice-presidente Geraldo Alckmin deve divulgar ainda hoje um panorama preliminar com estimativas de perdas e produtos mais afetados.
A ideia central do governo é identificar os setores que mais sofrerão com as sanções para, a partir disso, oferecer incentivos, subsídios, apoio financeiro e estímulos às exportações. A possibilidade de mecanismos de compensação, como créditos ou flexibilizações tributárias, também está sendo avaliada.
A ordem executiva assinada por Trump foi justificada com base em segurança nacional e direitos humanos, mas o Palácio do Planalto avalia que a medida tem motivação política. A retaliação ocorre no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes foi alvo da Lei Magnitsky, que impõe bloqueios a indivíduos acusados de violar liberdades democráticas.
Além das medidas econômicas internas, o governo brasileiro considera abrir uma nova rodada de negociações diplomáticas com Washington para tentar reverter ou ao menos atenuar os efeitos do tarifaço. O chanceler Mauro Vieira, que está em missão oficial nos EUA, foi representado na reunião.
O encontro contou com a presença de Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). A reunião não definiu um pacote imediato, mas foi considerada essencial para alinhar o início da reação brasileira ao que já é tratada no governo como a maior crise comercial com os EUA desde os anos 1990.