POLÍTICA

Duda Salabert pede “moção de aplausos” a Nikolas por facilitar prisão de Bolsonaro

Os deputados federais Nikolas Ferreira (PL) e Duda Salabert (PDT) – Reprodução

A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) apresentou nesta segunda-feira (4) um requerimento oficial na Comissão de Segurança Pública da Câmara solicitando uma moção de aplausos ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), após ele ter exibido Jair Bolsonaro em uma chamada de vídeo durante manifestação bolsonarista em Belo Horizonte, no domingo, dia 3 de agosto.

O vídeo, amplamente compartilhado nas redes sociais, mostrou o ex-presidente interagindo com apoiadores, o que foi apontado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, como uma violação direta das medidas cautelares impostas ao ex-presidente.

Duda Salabert justificou o requerimento de forma irônica, dizendo que Nikolas prestou “um serviço de valor inestimável ao Estado Democrático de Direito”, ainda que de forma não intencional. Em sua publicação nas redes, a deputada agradeceu diretamente ao rival político: “Obrigada, Nikolas!”, e pediu que o presidente interino da comissão, deputado Paulo Bilinski (PL-SP), coloque a moção em votação já na próxima reunião.

O embate entre os dois parlamentares não é novo e teve início ainda na Câmara Municipal de Belo Horizonte, antes de ambos ocuparem cadeiras na Câmara Federal. A rivalidade ganhou novos contornos com a repercussão do vídeo, que foi citado nos autos da decisão de Moraes como prova do descumprimento das medidas judiciais por Bolsonaro.

Moraes avaliou que a participação de Bolsonaro por meio da transmissão ao vivo promovida por Nikolas foi uma tentativa de coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, motivando a decretação da prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Na decisão, o ministro afirmou que “a Justiça não permitirá que um réu a faça de tola” e que o ex-presidente utilizou aliados com pleno conhecimento das restrições para burlar o monitoramento judicial.

Além da ação de Nikolas, Moraes também mencionou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que realizou uma chamada semelhante com o pai durante manifestação em Copacabana, posteriormente apagada das redes, o que o ministro considerou uma tentativa de ocultação da violação.

O episódio marca mais uma derrota para o campo bolsonarista, que tentou transformar as manifestações do último fim de semana em um ato de força política. Na Avenida Paulista, o evento liderado por Silas Malafaia reuniu cerca de 38 mil pessoas e contou com mensagens exaltando Bolsonaro, além de ataques ao STF e pedidos de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

A frase de Nikolas no vídeo, “Bolsonaro não pode falar, mas pode ouvir”, seguida do slogan “Brasil acima do STF”, foi citada por Moraes como agravante para a medida cautelar. A decisão do ministro também bloqueou o acesso de Bolsonaro a contas bancárias, PIX e redes sociais, endurecendo as restrições já impostas em julho, quando o ex-presidente havia sido advertido por violar outras determinações do Supremo.

Nikolas reagiu à decisão chamando-a de “várzea” e seguiu criticando o STF nas redes. Já Duda transformou o caso em peça simbólica, usando o episódio para reforçar a defesa das instituições democráticas e ridicularizar os que tentam minar o Judiciário por meio de manobras políticas ou digitais.

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