
O empresário e ativista britânico William Browder, idealizador da Lei Magnitsky, legislação dos Estados Unidos que permite sanções contra violadores de direitos humanos e corruptos estrangeiros, sugeriu que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), recorra à Justiça estadunidense para reverter as sanções impostas a ele pelo governo de Donald Trump.
“O governo Trump perde 96% dos processos que enfrenta nos tribunais. Estão tentando todo tipo de coisa maluca que não funciona. Esta é só mais uma. Minha principal sugestão é que ele vá à Justiça e conteste a inclusão”, afirmou Browder em entrevista à Folha.
Browder, que foi o maior investidor estrangeiro na Rússia antes de ser expulso do país, tornou-se ativista após a morte de seu advogado, Sergei Magnitsky, em uma prisão russa. Desde então, ele lidera esforços para a adoção da Lei Magnitsky em diversos países. “Hoje são 35 nações com Leis Magnitsky. É um monumento legal à coragem de Sergei”.
Na quarta-feira (30), Trump anunciou sanções contra Moraes, acusando o ministro de “abusos graves de direitos humanos”. A medida foi justificada com base na Lei Magnitsky Global, aprovada nos EUA em 2012, durante o governo Obama.
No mesmo dia, Browder publicou no X: “Passei anos lutando pela aprovação da Lei Magnitsky para acabar com a impunidade contra violadores graves dos direitos humanos e cleptocratas. Pelo que sei, o juiz brasileiro Moraes não se enquadra em nenhuma dessas categorias”.
I spent years fighting for the Magnitsky Act to be passed to end impunity against gross human rights abusers and kleptocrats. As far as I’m aware Brazilian Judge Moraes doesn’t fall into either of those categories. https://t.co/c5oy7m0hdy
— Sir William Browder KCMG (@Billbrowder) July 30, 2025
Na entrevista, Browder reforçou que a sanção é um “abuso claro da lei”, motivado por razões políticas. “É óbvio que isso não tem a ver com direitos humanos. Tem a ver com ajudar seu amigo Jair Bolsonaro. Isso desrespeita completamente o legado de Sergei”.
Ele relatou ter recebido mensagens de apoio e críticas de brasileiros desde o anúncio das sanções. “Alguns dizem: ‘Você não sabe do que está falando, esse juiz é um homem terrível’. Mas não importa se ele é santo ou pecador. Ele não se enquadra nos critérios da Lei Magnitsky. A lei foi feita para punir quem comete crimes horrendos, como genocídios e tortura, não para vingança política”.
Apesar da repercussão do caso, Browder afirmou não ter sido contatado por representantes do governo brasileiro. “Se alguém me pedir ajuda, eu posso avaliar. Mas até agora ninguém me procurou”.
O ativista também destacou que não mantém relações com a atual administração americana. “Não concordo com muitas das políticas deles”. Mesmo assim, ele expressou confiança no Judiciário dos EUA para reverter a medida: “É só mais uma de muitas manobras que não vão prosperar”.