
Em um pronunciamento firme durante a conferência das Nações Unidas realizada nesta terça-feira (29), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, anunciou que o governo brasileiro adotará sanções contra Israel, responsabilizando o país pelo genocídio em curso na Faixa de Gaza, conforme destaca reportagem da Telesur.
As medidas anunciadas incluem a suspensão imediata das exportações brasileiras de equipamentos militares para Israel, o fortalecimento da fiscalização sobre importações oriundas de assentamentos ilegais israelenses na Cisjordânia ocupada e o apoio formal do Brasil à denúncia de genocídio apresentada pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia.
Em seu discurso, Mauro Vieira detalhou o posicionamento do Brasil:
“A intervenção do Brasil no caso movido pela África do Sul na CIJ, com base na Convenção do Genocídio, o monitoramento rigoroso de importações de assentamentos ilegais e territórios ocupados, a continuidade da suspensão de exportações de defesa para Israel conforme o Tratado de Comércio de Armas, o apoio a uma missão de verificação internacional da ONU sobre o cumprimento do direito internacional, a proposta de um mecanismo inspirado no Comitê Especial contra o Apartheid, e o suporte técnico à Autoridade Palestina em áreas fundamentais para a construção do Estado — tudo isso integra o compromisso do Brasil com a justiça internacional”, afirmou.
A posição brasileira se insere em um cenário de agravamento da crise humanitária em Gaza, onde mais de 60 mil palestinos foram mortos desde o início da ofensiva israelense em outubro de 2023. O governo brasileiro reafirma sua defesa da legalidade internacional, dos direitos humanos e do direito do povo palestino à autodeterminação, em consonância com resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral da ONU.
Vieira também reforçou o apoio do Brasil à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que tem sofrido pressões políticas e cortes de financiamento. Segundo o ministro,
“O apoio contínuo às atividades da UNRWA, incluindo a presidência de sua Comissão Consultiva, é essencial. Devemos garantir a distinção entre críticas legítimas a políticas de Estado e o antissemitismo, conforme orientações dos Relatores Especiais da ONU”.
O anúncio das sanções representa um endurecimento da postura diplomática brasileira em relação a Israel, especialmente diante do aumento da mobilização internacional contra as ações do governo de Benjamin Netanyahu. A decisão alinha o Brasil ao movimento global que exige responsabilização por crimes de guerra e crimes contra a humanidade praticados durante os ataques em Gaza.
Com isso, o país reafirma seu papel de relevância no cenário multilateral e como interlocutor legítimo nos debates sobre o futuro do Oriente Médio. Desde o início da ofensiva, o Brasil tem defendido um cessar-fogo imediato, a proteção dos civis e a retomada das negociações com base na solução de dois Estados.
Encerrando sua fala, Mauro Vieira declarou:
“Não há paz sem justiça, e não há justiça sem responsabilização. O sofrimento do povo palestino não pode mais ser ignorado.”
O posicionamento brasileiro ecoa em meio a crescentes tensões diplomáticas no mundo, à medida que diversos países reavaliam suas relações com Israel diante das graves denúncias de crimes cometidos em Gaza. A fala de Mauro Vieira coloca o Brasil no centro da pressão internacional por justiça diante de uma das maiores tragédias humanitárias do século XXI.