
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) anunciou nesta sexta-feira (1º) em suas redes sociais ter obtido o apoio de 34 senadores para uma petição que pede o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O número representa 42% do total de senadores e supera a marca de 1/3 necessária para instauração de processo de cassação, embora ainda esteja distante dos 54 votos (2/3) exigidos para efetiva remoção do cargo.
A mobilização do parlamentar mineiro acontece após virar alvo de colegas bolsonaristas que o acusam de só agir em benefício próprio e pouco agir em prol do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nikolas comemorou publicamente a adesão do senador Carlos Viana (Podemos-MG): “Parabéns ao senador Carlos Viana, de Minas Gerais, que acaba de externar publicamente apoio ao impeachment de Alexandre de Moraes. O Brasil precisa de equilíbrio e respeito à Constituição”.
Parabéns ao Senador Carlos Viana, de Minas Gerais, que acaba de externar publicamente apoio ao impeachment de Alexandre de Moraes. O Brasil precisa de equilíbrio e respeito a constituição.
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) August 1, 2025
A manifestação ocorre dois dias após Ferreira ter protocolado novo pedido formal de impeachment, no qual acusa Moraes de “crimes que violam direitos e garantias fundamentais”, citando especificamente “inquéritos ilegais, ativismo judicial, censura e perseguição”.
Este é o 13º pedido de impeachment contra Moraes na atual legislatura, que já acumula 26 processos do gênero contra ministros do STF.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mantém silêncio sobre a possibilidade de dar andamento a algum desses requerimentos. Especialistas em direito constitucional destacam que a Lei do Impeachment estabelece um rito complexo para cassação de ministros do Supremo:
1. O pedido deve ser apresentado formalmente à presidência do Senado;
2. O presidente da Casa analisa a admissibilidade;
3. Se aceito, o caso vai à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ);
4. O ministro tem 10 dias para defesa prévia;
5. A CCJ vota parecer sobre a validade da denúncia;
6. Com parecer favorável, o processo segue para plenário;
7. O afastamento temporário exige maioria simples (41 votos);
8. A cassação definitiva requer 2/3 do Senado (54 votos).
Traidor?
Nikolas se tornou alvo de ataques e pressão de bolsonaristas nas redes sociais pela percepção, entre apoiadores da família Bolsonaro, de que o deputado federal não tem demonstrado “solidariedade suficiente” ao ex-presidente e a seus aliados em suas postagens recentes.
A crise começou em fevereiro, após a apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) por Eros Biondini (PL-MG), com apoio de Nikolas, que propõe reduzir de 35 para 30 anos a idade mínima para disputar a Presidência.
A medida poderia beneficiar o próprio Nikolas em uma eventual candidatura em 2026, o que gerou reações negativas em grupos bolsonaristas. Segundo levantamento da consultoria Palver, militantes passaram a acusar o deputado mineiro de querer concorrer contra Jair Bolsonaro.
Um dos posts mais compartilhados mostra Nikolas ao lado de outros supostos “traidores” — como Ricardo Salles, Deltan Dallagnol, Marcel Van Hattem e Luiz Philippe de Orléans e Bragança — segurando biscoitos. A legenda diz: “Tropa do biscoito. O maior desafio é descolar do Bozo sem perder os apoiadores dele”, insinuando que os deputados estariam apenas buscando atenção.
