
O primeiro dia de Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar foi marcado por silêncio, desânimo e poucas visitas. Isolado em sua casa em Brasília, o ex-presidente passou a terça-feira (5) ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, assistindo a partidas de futebol na televisão, conforme informações do Globo.
Segundo interlocutores, Michelle o acompanhou de perto e foi quem recebeu os visitantes autorizados. Entre eles, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, e advogados da defesa, que devem apresentar um pedido para reverter a prisão.
“Não vou dizer que ele não estava triste, mas é uma pessoa que ainda acredita muito no nosso país, em Deus. Espero que a gente possa superar o mais rapidamente possível essa situação”, disse Nogueira ao deixar a residência.
Acabo de visitar o presidente Bolsonaro em sua casa. Vi que, apesar de triste, nosso capitão continua inabalável acreditando no nosso Brasil e confiando em Deus.
Tenho muita esperança de que vamos encontrar um caminho para superar esse momento tão difícil da nossa democracia. pic.twitter.com/AZVHwAp3Fu— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) August 5, 2025
Apesar da movimentação de aliados e advogados, Bolsonaro demonstrou abatimento ao longo do dia e evitou até mesmo assistir aos vídeos da coletiva da oposição. Ainda assim, manteve a TV ligada em jogos de futebol — hábito que costuma manter em momentos de pressão.
Michelle Bolsonaro, que não foi afetada pelas medidas cautelares, recebeu ligações de apoio ao longo do dia. Nos bastidores, a mobilização de aliados tenta evitar o isolamento do ex-presidente.
A expectativa é de que figuras como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recebam autorização para visitá-lo.
No Congresso, parlamentares bolsonaristas reagiram à prisão com protestos. A bancada iniciou um movimento de obstrução nas votações da Câmara e do Senado, como forma simbólica de resistência à decisão de Moraes. Nenhum projeto foi votado nas duas Casas.
A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após Bolsonaro aparecer por videochamada em um ato que pedia o impeachment do próprio magistrado. Desde então, ele está proibido de sair de casa, usar celular ou redes sociais, além de precisar de autorização judicial para receber visitas. O ex-presidente também utiliza tornozeleira eletrônica.