
Horas antes de ordenar um ataque que matou cinco jornalistas da Al Jazeera em Gaza, incluindo o repórter Anas Al-Sharif, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que Israel estava perdendo a “guerra da propaganda” para “bots e algoritmos”. Em coletiva de imprensa, Netanyahu sugeriu que manifestações contra o que chamou de “Holocausto Palestino” nas redes sociais seriam falsas e parte de uma campanha contra Israel.
“Pessoas que realmente entendem, as mais especializadas no mundo, me dizem que cerca de 60% das respostas nas redes sociais são bots”, declarou Netanyahu. “São bots que, especialmente nos EUA, querem atacar o apoio que Israel tem do lado republicano. Eles se descrevem como sulistas autênticos, exceto que estão escrevendo da Ásia em algum lugar”.
Ainda na entrevista, o genocida afirmou que “Israel não tem escolha a não ser terminar o trabalho e completar a derrota do Hamas”, indicando que seguirá sua política de mortes em massa na Faixa de Gaza: “Falamos em termos de prazos bastante curtos porque queremos terminar a guerra (…) Vamos ganhar a guerra com ou sem o apoio de outros países”.
Horas antes de assassinar jornalistas palestinos em Gaza, Netanyahu disse estar perdendo a “guerra da propaganda” para “bots e algoritmos”, sugerindo que manifestações contra o Holocausto Palestino nas redes sociais seriam falsas e parte de campanha “contra ‘israel’”.
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) August 11, 2025
Ataque a jornalistas
No domingo (10), o Exército israelense atacou uma tenda de imprensa em frente a um hospital em Gaza, matando cinco profissionais da Al Jazeera, incluindo Anas Al-Sharif, de 28 anos. As Forças de Defesa de Israel (IDF) alegaram que Al-Sharif liderava uma célula do Hamas, acusação veementemente negada pela Al Jazeera, que denunciou uma “campanha de incitação” contra seus repórteres.
Além de Al-Sharif, morreram no ataque os colegas Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa. A Al Jazeera destacou que Israel restringe o acesso de jornalistas estrangeiros a Gaza, limitando a cobertura independente do conflito.
O ataque ocorreu dias após o gabinete de segurança israelense aprovar um plano para assumir o controle de Gaza City, primeiro passo para uma potencial ocupação total da Faixa de Gaza. A decisão gerou alertas da cúpula militar israelense e condenações internacionais.
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer classificou o plano como “errado” e pediu que Israel reconsiderasse “imediatamente”. Dentro de Israel, pesquisas mostram que a maioria da população prefere um acordo com o Hamas pela libertação de reféns ao invés da escalada militar.
Analistas sugerem que Netanyahu pode estar prolongando o conflito para manter sua coalizão no poder, que depende de ministros ultranacionalistas como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich – defensores da “migração voluntária” de palestinos de Gaza, medida que poderia configurar crime de guerra.
O chefe do Estado-Maior israelense, tenente-general Eyal Zamir, teria alertado Netanyahu que a ocupação total de Gaza seria “equivalente a cair em uma armadilha” e colocaria em risco a vida dos reféns restantes. Jornais israelenses citam avaliações de que “a maioria ou possivelmente todos os reféns vivos morrerão” durante uma ofensiva ampliada.