
Senadores e deputados bolsonaristas protestaram nesta terça-feira (5) na Câmara contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) e anunciaram que passarão a obstruir os trabalhos legislativos. A medida, que visa atrasar votações e pautas, foi definida em reação à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a restrição ao ex-presidente na noite de segunda (4).
Durante coletiva de imprensa no exterior do Congresso, parlamentares apareceram com esparadrapos na boca em protesto simbólico. Posteriormente, ocuparam o plenário da Câmara dos Deputados, onde apresentaram o que chamaram de “pacote da paz”, incluindo propostas como anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e o fim do foro privilegiado para congressistas.
As cenas de bolsonaristas se comunicando apenas com mímica virou piada nas redes sociais. Veja:
Só vale mímica, hein pic.twitter.com/r4Y9gsgBdS
— Túlio Amâncio (@tulio_amancio) August 5, 2025
Na coletiva, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, detalhou as medidas defendidas pelo grupo:
1. Anistia “ampla e irrestrita” para envolvidos nos episódios de 8 de janeiro;
2. Fim do foro privilegiado para parlamentares;
3. Impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
O deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara, afirmou que, se assumir interinamente o comando da Casa, pautará a proposta de anistia independentemente da decisão do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
Os parlamentares criticaram duramente o STF, especialmente pela recente decisão que manteve a competência da Corte para julgar crimes cometidos por autoridades mesmo após o fim do mandato.
“O foro foi ampliado justamente, na nossa opinião, para que o ex-presidente Bolsonaro fosse alcançado por uma Turma [do Supremo]”, afirmou o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
O grupo defende a aprovação da PEC que acaba com o foro privilegiado para congressistas em crimes comuns, proposta já aprovada pelo Senado em 2018 e que aguarda análise dos deputados. O texto transferiria para a primeira instância o julgamento de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo parlamentares.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que as medidas estão sendo discutidas com outros partidos, como PP e União Brasil. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, reuniu-se com os comandantes das duas legendas nesta terça-feira para alinhar estratégias.
“Só vamos parar quando houver diálogo e quando houver uma pauta de pacificação”, declarou Cavalcante ao G1, explicando que a obstrução servirá para demonstrar o poder de fogo da oposição no Congresso.
Entre as táticas anunciadas está a ocupação da mesa diretora por parlamentares do grupo. O senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, confirmou o apoio de sua legenda à estratégia de obstrução. O deputado federal professor Reimont (PT-RJ) gravou um vídeo mostrando que os bolsonaristas foram abandonados até pelo Centrão e, sozinhos, iniciaram a paralisação do Congresso.
URGENTE: os bolsonaristas FORAM ABANDONADOS PELO CENTRÃO e estão completamente sozinhos na tentativa de parar o congresso. Bateu o desespero neles! pic.twitter.com/O2BRV7roEi
— Reimont (@Reimont) August 5, 2025