
O governo da Venezuela anunciou que levará à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) uma denúncia formal contra os Estados Unidos. Com informações da Telesur.
A medida ocorre após o presidente Donald Trump confirmar ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas e letais em território venezuelano, conforme revelou reportagem do New York Times. A decisão, classificada como confidencial, teria o objetivo explícito de “remover Nicolás Maduro do poder”.
Em resposta, o presidente venezuelano fez nesta quarta-feira (15) um discurso em defesa da paz regional e da soberania do país.
Durante reunião do Conselho Nacional pela Soberania e Paz, Maduro acusou Washington de tentar repetir “golpes de Estado orquestrados pela CIA” e citou desaparecimentos durante ditaduras apoiadas por governos norte-americanos na América do Sul. “Até quando golpes da CIA? A América Latina não os quer e os repudia”, afirmou.
A declaração do governo venezuelano chamou as ações dos Estados Unidos de “beligerantes e extravagantes” e as classificou como grave violação do direito internacional e da Carta da ONU.
O documento também aponta que o destacamento militar norte-americano no Caribe — que incluiria cerca de 10 mil soldados, oito navios de guerra e um submarino nuclear — representa uma escalada perigosa na região. Caracas pediu uma “resposta regional imediata” e alertou para o risco de nova crise militar.
#COMUNICADO | La República Bolivariana de Venezuela rechaza las declaraciones belicistas y extravagantes del presidente de los Estados Unidos, en las que admite públicamente haber autorizado operaciones para actuar contra la paz y la estabilidad de Venezuela. Esta afirmación sin… pic.twitter.com/o2chVvMZR6
— teleSUR TV (@teleSURtv) October 15, 2025
A CELAC, presidida temporariamente pela Colômbia, convocou uma reunião extraordinária de chanceleres para discutir o caso. Segundo o comunicado venezuelano, a Missão Permanente do país na ONU solicitará “prestação de contas” ao governo dos Estados Unidos e pedirá que o Conselho de Segurança adote medidas urgentes. O governo lembrou que, em 2014, o bloco latino-americano declarou o Caribe uma “zona de paz”, agora ameaçada pelas ações de Washington.
Em declarações à imprensa, Trump evitou confirmar se a CIA tem autorização para “eliminar Maduro”, mas disse que “a Venezuela está sentindo a pressão”. Ele voltou a associar a migração latino-americana a problemas de segurança interna, afirmando que os Estados Unidos estão sendo “sobrecarregados” por pessoas “doentes mentais” e “criminalmente doentes”.
O governo venezuelano concluiu a nota alertando que “a impunidade por esses atos terá consequências políticas perigosas” e pediu que a comunidade internacional impeça uma escalada militar no Caribe. Maduro afirmou que seu governo não permitirá “mudança de regime” nem “intervenções estrangeiras”, reforçando que a prioridade é a defesa da integridade territorial da Venezuela.