POLÍTICA

As visitas que incomodam o chefe da organização criminosa. Por Moisés Mendes

O deputado Nikolas Ferreira – Foto: Reprodução

Um deputado churrasqueiro, o gaúcho Coronel Zucco, levou uma picanha e foi corrido por Michelle. Tarcísio leva suas aflições de extremista existencialista moderado vacilante. Valdemar Costa Neto só enrola e leva a traz incertezas sobre a anistia.

Bolsonaro recebe visitas que não têm, como tiveram com Lula preso, a força e o significado do suporte político com afeto, solidariedade e oferecimento de perspectivas.

Visitam Bolsonaro para dizer que a coisa está feia. E há os que Bolsonaro não quer por perto, enquanto as muitas facções do fascismo se devoram pela preservação das bocas.

Por que figuras como Nikolas Ferreira não visitam Bolsonaro? Alexandre de Moraes recebeu em agosto o pedido do deputado, mas negou permissão, com o argumento de que as visitas são programadas pela defesa de Bolsonaro.

Nikolas queria entrar como avulso, mesmo sabendo que são os advogados que encaminham os pedidos a Moraes, e essa tem sido a regra seguida pelo STF.

O pedido de visita de Nikolas foi feito em 11 de agosto, no mesmo dia das solicitações de outros bolsonaristas, como Marcel van Hattem. Moraes respondeu o seguinte, no dia 12:

“O interesse do requerido em receber determinadas visitas vem sendo demonstrado por intermédio de petições de sua defesa solicitando autorização do juízo”.

E acrescentou:

“Dessa maneira, julgo prejudicado os demais pedidos avulsos de solicitação de visitas realizados por terceiros, tanto por petições, quanto por e-mails, sem qualquer abono da própria defesa”.

Não precisa acrescentar mais nada. Bolsonaro não quer ver Nikolas Van Hattem e outros deputados que sempre estiveram por perto. Não quer saber de problemas avulsos.

Por que não quer, se Nikolas sempre esteve ao lado dele até no caminhão de Malafaia na Paulista? Porque Bolsonaro é hoje um moderado em relação ao filho Eduardo, a Nikolas e a todos os que mais atrapalham do que ajudam se estiverem muito próximos, enquanto ele tenta escapar da Papuda.

Nikolas fez o pedido no dia 11 de agosto. No dia 6, ele estava no motim da Câmara, com outros 13 colegas, quando Van Hattem ocupou a cadeira de Hugo Motta. Foram apontados como amotinados pelo próprio Motta em documento enviado à corregedoria da Casa com os nomes de 14 parlamentares.

Hugo Motta, ex-presidente da Câmara dos Deputados – Foto: Reprodução

Nikolas solicitou autorização para a visita três dias depois do motim. Tentou furar a fila como avulso. Moraes o informou de que ele precisava falar com os advogados de Bolsonaro.

Circulou uma notícia de que os advogados teriam apresentado ou iriam apresentar o pedido de visita. Até hoje, o deputado continua sendo um avulso nunca recebido pelo chefe da organização criminosa preso em casa.

Bolsonaro talvez não queira saber de Nikolas e de outros que fracassaram e se encolheram depois das manifestações de domingo. Não agora. Não quer ser visto como acolhedor de figuras que lutam por ele, mas perderam as últimas batalhas.

O líder não pode ser visto ao lado dos que estão ou estiveram na linha de frente das lutas pela PEC da Bandidagem e do projeto da anistia. A imagem deles é de fracassados.

Eles que roubem as flores, matem os cães e tentem quebrar a cadeira de Motta, mas não apareçam comendo pão com leite condensado com Bolsonaro. Talvez mais tarde.

Bolsonaro quer Valdemar, Ciro Nogueira, Gilberto Kassab e a direita mais limpinha. Mas Kassab, sempre cuidadoso, não pede para vê-lo, nem como avulso.

Nessa segunda-feira, Tarcísio deve visitá-lo. Pode sair da casa como candidato ou ainda como indeciso. E Bolsonaro terá então que chamar Ratinho. Que talvez não ganhe nada como visitante numa hora dessas.

E se Ratinho falhar, Bolsonaro chamará Zema. Depois, Caiado. No desespero, pode pedir que chamem Eduardo Leite. E terá pelo menos o consolo de que não será visitado por Ciro Gomes.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo