POLÍTICA

União Brasil e PP aderem ao motim bolsonarista no Congresso

Deputados bolsonaristas com esparadrapos ocuparam a Mesa Diretora para impedir funcionamento da Câmara. Foto: Reprodução

Dois dos principais partidos do centrão, União Brasil e PP, anunciaram apoio ao motim bolsonarista que paralisa o funcionamento da Câmara dos Deputados e do Senado desde terça-feira (5). A ação, iniciada por parlamentares do PL, exige a votação da anistia para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Deputados e senadores da oposição chegaram a ocupar fisicamente a Mesa Diretora do Congresso para impedir a realização das sessões.

A movimentação foi oficialmente chamada por União e PP de “legítima obstrução parlamentar”, embora o regimento interno não autorize a ocupação da Mesa. Em nota conjunta, os partidos orientaram suas bancadas a não registrar presença no plenário. A declaração repete expressões utilizadas por lideranças bolsonaristas, como “virar a página”, comuns nos discursos de figuras como Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, lidera os esforços para ampliar o bloqueio e reuniu-se com os presidentes de União Brasil e PP na manhã de terça-feira, solicitando adesão ao protesto. Os dois partidos, que tentam formar uma federação, ainda precisam de aval da Justiça Eleitoral para a união. A estratégia política mira pressionar o Congresso por anistia, travando as atividades legislativas até que a demanda avance.

Apesar do apoio formal das cúpulas, há divisões internas. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), disse que não aceitará chantagem e se opõe ao movimento, apesar de integrar o mesmo partido. No PP, o presidente Ciro Nogueira (PI) declarou que não haverá punição para parlamentares que descumprirem a recomendação da legenda.

O movimento liderado pelo PL é descrito por aliados como “simbólico”, com previsão de durar dois dias para enviar um “recado político”. A ocupação das cadeiras da Mesa Diretora e o boicote às sessões fazem parte da estratégia de visibilidade. Deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) participaram da ação.

A nota oficial de União e PP omite a menção direta ao motim, centrando-se na retórica de “manutenção do diálogo”. Parlamentares governistas dentro desses partidos reagiram com reservas ao posicionamento da cúpula, alegando que a ação prejudica a imagem institucional do Congresso.

A obstrução legislativa já comprometeu votações importantes e gerou críticas públicas. A base do governo Lula monitora a movimentação, mas ainda não tomou medidas formais contra os partidos envolvidos. O Palácio do Planalto aguarda a normalização das sessões para retomar a agenda legislativa.

Enquanto isso, lideranças do PL tentam negociar uma saída sem perdas políticas. A estratégia do motim foi considerada de alto risco, já que revela uma escalada de tensão institucional e aprofunda o racha interno nos partidos do centrão.

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