
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta (6) a imposição de uma nova tarifa adicional de 25% sobre importações vindas da Índia. A medida, que eleva para 50% o imposto sobre produtos indianos, é uma retaliação por o país continuar adquirindo petróleo da Rússia, apesar dos apelos de Washington para que Moscou encerre a guerra contra a Ucrânia.
No decreto, Trump deixou claro que outras nações que importam petróleo russo também podem ser alvo de medidas semelhantes. O texto menciona explicitamente a possibilidade de sanções a países que comprem óleo “direta ou indiretamente” do país. O Brasil, que aumentou expressivamente suas compras desde 2022, aparece na lista.
O presidente americano afirmou que, caso sua equipe conclua que outro país importa petróleo da Rússia, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, deverá recomendar medidas, incluindo o acréscimo de uma tarifa de 25% sobre produtos daquele país. O Brasil importou US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) em diesel russo em 2024, um aumento de 19% em relação ao ano anterior e o maior valor já registrado.
A dependência brasileira do combustível do país aumentou após as sanções internacionais contra Moscou. Em 2023, as importações se multiplicaram por 47 em comparação com o período pré-guerra.
Neste ano, até junho, mais de 60% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia. Em julho, os Estados Unidos reassumiram a liderança como maior fornecedor, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Trump x Rússia
O decreto de Trump define “petróleo da Rússia” como qualquer derivado extraído, refinado ou exportado pelo país, mesmo que por intermediários de outras nacionalidades. A importação indireta também está incluída como critério para sanção, o que pode atingir parceiros comerciais do Brasil.
Além do petróleo, há preocupação no agronegócio brasileiro com possíveis sanções sobre os fertilizantes. A Rússia é o maior fornecedor do insumo ao Brasil, responsável por cerca de 30% das importações, segundo o Ministério da Agricultura. O setor teme que a retaliação americana inclua proibições ou sobretaxas na compra desses produtos.
Segundo a Folha de S.Paulo, representantes do agronegócio e da bancada ruralista já alertaram o Itamaraty sobre o risco de o Brasil sofrer sanções a partir desta sexta (8). A Confederação Nacional da Indústria também expressou preocupação, afirmando que os Estados Unidos prometeram retaliações a qualquer país que continue negociando com a Rússia enquanto a guerra estiver em curso.
Senadores brasileiros que estiveram recentemente em Washington relataram ter ouvido de empresários e parlamentares norte-americanos que o Congresso dos EUA poderá aprovar uma lei anti-Rússia que inclui punições a países como o Brasil. Um projeto em tramitação propõe sobretaxa de até 500% sobre produtos importados por nações que mantenham comércio com Moscou.