POLÍTICA

Trump diz que não permitirá anexação da Cisjordânia: ‘é hora de parar’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não permitirá que Israel anexe a Cisjordânia. “Não, eu não vou permitir. Isso não vai acontecer. Já houve o suficiente. É hora de parar agora”, disse a repórteres no Salão Oval nesta quinta-feira (25/09).

A declaração de Trump antecede a fala do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, o primeiro a discursar nesta sexta-feira (26/09) na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Após o reconhecimento do Estado palestino por países como Reino Unido, Austrália, França, Canadá e Portugal, Netanyahu ameaçou, em retaliação, anexar o território.

Autoridades britânicas temiam que Trump desse o aval ao controle israelense sobre os assentamentos ilegais, o que intensificou a pressão de líderes árabes e europeus para que ele contivesse Israel. Nesta quinta-feira (25/09), o presidente francês afirmou que a anexação do território significaria uma ‘linha vermelha’ para os EUA.

Único voto contrário ao cessar-fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU, no último dia 19, Trump afirmou aos jornalistas ter mantido conversas “muito boas” com Netanyahu e líderes do Oriente Médio, indicando que um acordo de paz para encerrar a guerra pode estar próximo. “Queremos os reféns de volta, queremos os corpos de volta e queremos ter paz naquela região”, reiterou.

Ameaças israelenses

Em julho deste ano, legisladores israelenses aprovaram, por 71 a 13, uma moção não vinculativa no Knesset pedindo a anexação da Cisjordânia ocupada. A proposta foi apresentada pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, que vive em um assentamento ilegal na região ocupada.

Trump diz que não permitirá anexação da Cisjordânia: ‘é hora de parar’
White House / Flickr

Em agosto, Smotrich apresentou um plano de construção de milhares de casas que, em suas palavras, “finalmente enterra a ideia de um Estado palestino, porque não há nada para reconhecer e ninguém para reconhecer”. Ele ainda ameaçou: “qualquer pessoa no mundo que tente hoje reconhecer um Estado palestino receberá uma resposta nossa no terreno”.

Questionamentos

A agência Al Jazeera conversou com especialistas sobre o tema. Segundo Mouin Rabbani, analista do Centro de Estudos Humanitários e de Conflitos, com sede no Catar, a fala de Trump é positiva, mas ele questionou se ela “seguirá adiante”.

“Atribui-se valor às palavras de Trump por sua própria conta e risco […] A questão agora é: ele vai garantir que Israel não anexe a Cisjordânia e, se o fizer, o que ele fará a respeito? Sua opinião pode mudar por conta de outra conversa que ele tenha?”

Também ouvido pela agência catari, Mohamad Elmasry, professor do Instituto de Pós-Graduação de Doha, destacou que “o governo dos EUA às vezes aparentemente repreende Israel ou indica sua oposição a algo que Israel está fazendo, mas acaba permitindo que Israel faça o que quiser”.

Em sua avaliação, independentemente da retórica dos EUA, “a realidade é que Israel já exerce controle de fato sobre a Cisjordânia … De certa forma, toda a questão da anexação é um pouco acadêmica”, salientou, ao considerar que “a solução de dois Estados já se tornou efetivamente impossível”.

“Não vejo nenhum caminho viável para um Estado palestino lá. Você teria que desmantelar centenas de assentamentos e postos avançados, e Israel indicou que não está preparado para fazer isso porque acredita que esta é a terra deles que foi prometida a eles por Deus, por mandato bíblico”, complementou Elmsary.

Ataques continuam

Desde outubro de 2023, houve um aumento acentuado nos ataques de colonos, do Exército e deslocamento forçado de dezenas de milhares de palestinos na Cisjordânia ocupada.

Nesta madrugada, segundo a agência de notícias Wafa, 22 pessoas, incluindo jornalistas palestinos, foram detidas na província de Nablus, nos campos de Askar e Balata e nas cidades de Nablus, Zawata e Kafr Qallil. Dois outros foram presos na cidade de Attil, na província de Tulkarem.

Em depoimento à agência catari, Younis Aqel, um agricultor da cidade de Halhul, no sul do país, contou que a presença israelense nos assentamentos ilegais prendeu sua comunidade “completamente entre dois postos avançados de assentamentos ilegais e dois portões israelenses que nos impedem de chegar à nossa terra”.

“O assédio não para por aqui. O exército israelense às vezes simplesmente nos impede de voltar para nossas próprias casas”, relatou Agel.

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