
A revista britânica The Economist avaliou, nesta sexta-feira (8), que as tarifas de 50% impostas por Donald Trump ao Brasil soam mais como ameaça política do que como medida capaz de gerar grandes danos econômicos. Segundo a publicação, “o gigante latino-americano pode ter evitado o pior — por enquanto”.
O texto, intitulado “As tarifas de Donald Trump sobre o Brasil são mais um latido do que uma mordida”, aponta que a sobretaxa, anunciada em 6 de agosto, tem motivação política e está ligada ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe.
A revista afirma que o caso brasileiro é o exemplo mais evidente de Trump usando o comércio como ferramenta de pressão sobre outro país.
Mesmo com o discurso agressivo dos EUA, a reportagem destacou que quase 700 itens foram poupados da tarifa, entre eles aviões, petróleo, celulose e suco de laranja. Produtos como café, carne e frutas ficaram de fora da lista e seguem com a alíquota integral.
Para a publicação, o impacto tende a ser limitado, já que o Brasil exporta pouco em relação ao seu PIB e reduziu a dependência dos Estados Unidos — de um quarto das exportações há 20 anos para 13% atualmente — enquanto ampliou em seis vezes o comércio com a China, que hoje representa 28% das vendas externas.

A revista também ressaltou a postura do presidente Lula (PT), que disse não aceitar que o Brasil seja “tutelado” ou humilhado por um “imperador”, mas que, paralelamente, atuou pela diplomacia. A pressão do governo brasileiro por meio de empresas nacionais e parceiras nos EUA teria ajudado a garantir as amplas isenções.
“Os danos que as tarifas causam ao Brasil provavelmente serão limitados. Lula provavelmente deveria continuar colhendo os benefícios de ser atacado pelo Sr. Trump e tentar evitar transformar isso em uma briga maior”, avaliou o veículo.
Segundo The Economist, o ponto de atenção está nos próximos passos. Lula anunciou que vai consultar países do BRICS, grupo que inclui China e Índia, para discutir respostas às tarifas. A medida, avalia a revista, pode intensificar a tensão, já que Trump chamou o bloco de “antiamericano” e ameaçou cobrar uma taxa extra de 10% sobre produtos de seus membros.