POLÍTICA

Tarifaço de Trump pauta redes sociais e 67% dos brasileiros associam Lula à defesa da soberania nacional

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros desencadeou uma forte mobilização nas redes sociais ao longo de julho. Segundo levantamento da Ponto Map, divulgado pelo Valor Econômico, o episódio respondeu por 15% de todas as postagens relacionadas a comportamento, bem-estar, cultura e temas ligados a ESG no período — transformando um tema de política internacional em pauta cotidiana entre os brasileiros.

Para a CEO da Ponto Map, Giovanna Massulo, o interesse do público cresce quando questões econômicas complexas se conectam com a vida prática das pessoas. “Quando um tema aparentemente distante — como uma disputa comercial entre países — começa a afetar diretamente o bolso e a rotina da população, ele ganha relevância imediata”, destacou. Segundo ela, embora assuntos econômicos geralmente gerem menos engajamento, isso muda quando o impacto é sentido no dia a dia, como no caso da inflação ou do preço de itens essenciais.

A análise apontou que 74% das postagens sobre o tarifaço foram apartidárias, expressando apoio ao Brasil e críticas à medida imposta pelos Estados Unidos. Muitos internautas interpretaram a atitude de Trump como um gesto hostil e desrespeitoso, o que despertou um sentimento de patriotismo e defesa da identidade nacional. “Mesmo com as críticas internas, o brasileiro tende a reagir quando percebe que o país está sendo desrespeitado por forças externas”, explicou Massulo.

O governo brasileiro foi um dos maiores beneficiados dessa onda de engajamento digital. Cerca de 67% das menções associaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à defesa da soberania e dos interesses do país. A ideia de que o Brasil estava sendo alvo de um ataque externo ajudou a fortalecer o apoio às posições do governo federal e à resistência frente às imposições vindas de Washington.

A mobilização online ganhou novos contornos após Trump anunciar a exclusão de alguns produtos da tarifação e, em seguida, impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Nesse segundo momento, as redes sociais adotaram um tom mais leve e irônico: a maioria das publicações tratou as sanções como irrelevantes para o magistrado. Em um único dia, 83% das postagens manifestaram apoio a Moraes, sendo a maior parte (83%) de usuários sem filiação partidária definida e 17% de perfis identificados como progressistas.

Apesar do tom bem-humorado, a preocupação com os possíveis efeitos econômicos permaneceu. Especialistas alertam que a manutenção da tarifa pode provocar aumentos de até 30% em insumos e medicamentos importados, afetando diretamente consumidores e setores produtivos. Segundo analistas, o engajamento nas redes tende a acompanhar o ciclo das notícias: permanece alto enquanto o tema está em destaque, mas pode diminuir caso não haja novos acontecimentos ou avanços nas negociações entre os países.

A pesquisa, baseada na análise de conteúdos nas plataformas X (antigo Twitter), BlueSky, Instagram, Facebook e YouTube, mostra como as redes sociais se consolidaram como um termômetro da opinião pública. Ela também revela que temas de política externa, muitas vezes distantes do debate popular, ganham relevância quando impactam diretamente a realidade nacional e despertam o sentimento de soberania.

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