
O representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, afirmou neste domingo (3) que as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump são “praticamente definitivas” e descartou qualquer renegociação imediata, inclusive com o Brasil. As declarações foram dadas em entrevista à emissora CBS, na qual Greer também defendeu o uso das tarifas como instrumento geopolítico. O Brasil, alvo de uma sobretaxa de 50%, está entre os países mais atingidos pelas novas medidas.
A ordem executiva de Trump, assinada na última quinta-feira, estabeleceu tarifas de importação que variam entre 10% e 41%, com entrada em vigor marcada para o dia 7 de agosto na maioria dos países. União Europeia, Japão e Coreia do Sul enfrentarão uma tarifa de 15%, enquanto o Reino Unido será taxado em 10%. Países asiáticos como Vietnã e Taiwan sofrerão com tarifas de 20%, e a Indonésia, 19%.
No caso brasileiro, a sobretaxa de 50% foi justificada como uma resposta a um suposto “abuso da democracia” por parte do governo Lula. Trump acusa o Brasil de perseguir seu aliado Jair Bolsonaro, hoje réu por tentativa de golpe. Greer destacou que “é normal utilizar estas ferramentas por razões geopolíticas”, apontando que o presidente “foi eleito para agir sobre os assuntos exteriores com medidas apropriadas”.
Além de Greer, o principal conselheiro econômico de Trump, Kevin Hassett, reforçou que os acordos já fechados com países como Japão e UE manterão tarifas estabilizadas. No entanto, para outras nações, as negociações continuarão, ainda que com perspectivas incertas. “Esperamos que as negociações prossigam”, disse Hassett ao canal NBC.

As tarifas são vistas como uma forma de pressão política do governo norte-americano. Para Trump, os novos encargos não apenas reequilibram as relações comerciais, mas também sinalizam retaliações contra governos que, na sua visão, ferem interesses estratégicos dos EUA. O impacto para o Brasil tende a ser severo, atingindo exportações agrícolas, siderúrgicas e de bens manufaturados.
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a declaração de irreversibilidade das tarifas. O cenário complica a já delicada relação diplomática entre Brasília e Washington, aprofundada após as sanções ao ministro Alexandre de Moraes no mesmo dia do anúncio das tarifas. A escalada evidencia que, sob a atual gestão americana, os vínculos com o Brasil enfrentam seu momento mais tenso desde o início do mandato de Trump.