POLÍTICA

STF prevê “tensão e pancadaria” após prisão domiciliar de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro exibe tornozeleira eletrônica na Câmara dos Deputados. Foto: Cristiano Mariz

A decisão de Alexandre de Moraes de decretar prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro provocou reações imediatas no meio político e, principalmente, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ministros da Corte avaliam que o ambiente institucional do país ficará marcado por “tensão e pancadaria” até, pelo menos, novembro de 2026, quando se encerram as eleições presidenciais.

Segundo o Blog do Valdo Cruz no g1, a expectativa é de que os ataques à Corte se intensifiquem, especialmente com a ofensiva coordenada por aliados de Bolsonaro e o respaldo do governo americano, chefiado por Donald Trump.

Entre os ministros, o entendimento é de que Moraes não tinha alternativa. Bolsonaro descumpriu medidas cautelares impostas anteriormente, ao participar — mesmo que indiretamente — de atos públicos e à medida que mensagens de apoio ao bolsonarismo continuaram sendo disseminadas em seus canais, por terceiros.

“Eles querem amassar o STF e jogá-lo no canto do ringue”, disse um ministro em condição de anonimato. Para os membros da Corte, Bolsonaro e seus aliados estavam provocando Moraes e ele ficaria desmoralizado se não reagisse.

Jair Bolsonaro, então presidente, durante cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na Presidência do TSE, em agosto de 2022. Foto: Antonio Augusto/TSE

A leitura é de que Bolsonaro e seus aliados buscaram tensionar o ambiente institucional para forçar uma resposta do Judiciário. Segundo o ministro, qualquer sinal de recuo seria interpretado como fraqueza e abriria caminho para novos confrontos.

Apesar disso, há divergências dentro do Supremo. Embora a maioria reconheça o desrespeito às decisões judiciais por parte do ex-presidente, alguns ministros entendem que a resposta poderia ter sido mais contida para evitar um clima ainda mais tenso.

O temor se concretizou com a manifestação oficial do Departamento de Estado dos Estados Unidos. O setor responsável pelo hemisfério ocidental divulgou nota criticando a decisão de Moraes e ameaçando ministros que confirmem a determinação.

Líderes bolsonaristas já articulam uma ofensiva. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada na Câmara, anunciou que o partido entrará com recurso para forçar a análise do caso pela Primeira Turma do STF. A estratégia é colocar os demais ministros sob o radar direto do governo Trump.

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