
Mesmo após comemorar a sanção imposta por Donald Trump ao ministro Alexandre de Moraes, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não conseguiu capitalizar politicamente a medida. Aliados avaliam que o gesto não garante sua reabilitação eleitoral e que a postura radical adotada por ele nas últimas semanas provocou isolamento, inclusive dentro do próprio campo bolsonarista.
A avaliação é que Eduardo perdeu espaço ao atacar figuras da direita como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo). Reservadamente, políticos do PL e do centrão afirmam que o deputado tem dificultado qualquer tentativa de articulação mais ampla, inclusive para as eleições de 2026, ao manter um discurso agressivo e pouco pragmático.
O vídeo em que Eduardo convida empresários brasileiros a migrarem para os Estados Unidos, publicado após o anúncio do tarifaço de 50%, foi visto por aliados como inoportuno e prejudicial. A mensagem provocou reações negativas entre setores empresariais e parlamentares ligados ao agronegócio, preocupados com os impactos econômicos das medidas adotadas por Trump.
Além de apoiar taxa de Trump, Eduardo Bolsonaro pede que as empresas se mudem para os EUA. pic.twitter.com/zgo2fSP7ME
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) July 11, 2025
Apesar de ter atuado pela sanção a Moraes com base na Lei Magnitsky, Eduardo é apontado como um dos responsáveis pela deterioração da relação entre Brasil e EUA. Interlocutores próximos a Jair Bolsonaro reconhecem o desconforto gerado, e afirmam que o ex-presidente tem buscado evitar embates públicos com o filho, preferindo uma posição mais estratégica.
A distância de Eduardo do Brasil também é motivo de críticas. Ele atua nos bastidores a partir dos EUA, onde permanece desde que se tornou alvo de inquérito no Supremo. Para aliados, sua ausência física no país dificulta articulações e acirra divisões internas, ao mesmo tempo em que enfraquece sua posição como eventual sucessor do pai.
Dentro do PL, cresce a percepção de que Eduardo só poderá retomar protagonismo se houver mudanças significativas no cenário político, como uma eventual anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou o impeachment de ministros do STF. Até lá, aliados admitem que seu capital político segue em queda.