POLÍTICA

Sakamoto: Eduardo Bolsonaro já conseguiu entrar para a História como Judas do Brasil

O deputado Eduardo Bolsonaro – Foto: AFP

Por Leonardo Sakamoto, no UOL

Esqueça Silvério dos Reis, Domingos Calabar, Cabo Anselmo. Dada a obstinação em trair os interesses nacionais gerando benefícios a uma nação estrangeira e à amplitude do impacto de suas ações, Eduardo Bolsonaro já passou para a História como o Judas do Brasil.

O tarifaço decretado por Trump, nesta quarta (30), foi menor do que o esperado, mas ainda assim nefasto. Alguns setores precisarão de recursos do governo (ou seja, dos nossos impostos que poderiam ir para educação, saúde, cultura, segurança pública) a fim de mitigar o impacto. Outros terão postos de trabalho fechados. Empresários devem falir.

Como explicar a famílias de pescadores do litoral de Santa Catarina que eles perderam sua renda porque o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro incitou o governo dos Estados Unidos a taxar em 50% as compras do Brasil para pressionar o STF a parar de julgar seu pai, que tentou um golpe de Estado, e o Congresso Nacional a aprovar uma anistia?

Como explicar aos trabalhadores da produção de frutas do Vale do Rio São Francisco que, no afã de atingir seus objetivos, o deputado federal passou a atacar violentamente aqueles que tentam resolver o problema que ele ajudou a criar, inclusive políticos do seu campo ideológico, pedindo mais e mais sanções a Trump até que o Brasil caia de joelhos?

Trump, presidente dos EUA anunciando o tarifaço – Foto: Reprodução

Eduardo vende a mentira de que tudo isso é em nome do país (quando, de fato, trabalha pelos EUA), das famílias (cinicamente agindo apenas em nome da sua) e da liberdade (não da expressão de um povo, mas de seu pai, que deve amargar a prisão em breve). Afirma que defende a democracia, mas, na verdade, subverte-a, tentando subjugar a necessidade de uma sociedade à impunidade de uma única pessoa.

Ao agir como um lobista de Washington, usando o Brasil como moeda de troca, ele é protegido por uma base fanatizada que confunde vassalagem com patriotismo e ostenta faixas de apoio a Trump em motociatas com Jair. Tal como um doguinho que faz festinha para o moço da carrocinha que vai levá-lo para ser sacrificado.

Neste momento, a cassação de Eduardo Bolsonaro não é uma questão partidária, mas de soberania. Um parlamentar que atua como agente de interesses estrangeiros, sabotando a economia do próprio país, não merece um mandato, mas a responsabilização por seus crimes. A maioria dos deputados, contudo, parece que quer deixar as coisas rolarem. No máximo, permitir que ele perca o mandato por faltas, o que seria um ultraje.

A História, contudo, não tem a mesma covardia do Congresso e já o julgou. Em breve, vai virar sinônimo de algo em que não se pode confiar. Seu lugar não será entre os heróis, mas ao lados dos Judas. Com ele, o Brasil não foi vendido por 30 moedas, mas por um Jair.

Na política brasileira, perdoa-se muita coisa. Para ser sincero, e infelizmente, quase tudo. O eleitor esquece escândalos sexuais, corrupção, rachadinhas, aprovação de medidas impopulares, deputado que diz para uma deputada que ela é tão feia que não merece ser estuprada. Mas não perdoa um traidor. Para esses, o país reserva um círculo do inferno próprio.

Em uma postagem em sua conta no Instagram em 30 de novembro de 2021, ainda durante o mandato de seu pai, o senador Flávio Bolsonaro foi além: “Tem um ditado na política que diz: ‘a política pode até perdoar traição, mas não perdoa o traidor’. E você, também concorda?”

E você, também, concorda?

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