
Por Leonardo Sakamoto, no UOL
Jair Bolsonaro promoveu uma angina coletiva entre Faria Lima, Centrão e analistas que torcem para a direita não bolsonarista em 2026 ao apontar seu primogênito, Flávio, como o seu nome para enfrentar Lula. Dessa forma, mantém as rédeas da direita, reduz as pretensões políticas de Michelle e aumenta a fatura para garantir o seu apoio a qualquer outro nome em 2026.
Neste momento, a principal cobrança é pela aprovação de um projeto amplo de anistia no Congresso Nacional que o tire da carceragem da PF no Distrito Federal, onde ele cumpre pena de 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada.
Ou seja, se o Centrão quiser rir com o governador Tarcísio de Freitas encabeçando uma chapa com a bênção do ex-presidente, vai ter que pagar um faz-me-rir a Jair Messias antes.
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É fantasia que esse grupo político consiga lançar um candidato viável sem o apoio dele. Um Pablo Marçal até conseguiria cavalgar o rebanho de extrema-direita, mas alguém que não é visto como conservador raiz terá dificuldade de se apresentar a uma parte barulhenta e engajada do eleitorado como um novo “mito”. Se o dinheiro da Faria Lima bastasse, o PSDB não teria perdido tantas eleições presidenciais.
Flávio Bolsonaro poderia aceitar ir para a vice da chapa caso o Congresso se movimente para aprovar uma anistia.
Mas, nesse caso, faltaria combinar com os russos — ou melhor, com os ministros do STF, no outro vértice da Praça dos Três Poderes — que declarariam uma lei como essa inconstitucional quase que imediatamente. A questão é se Bolsonaro se daria por satisfeito com uma vitória de Pirro: liberado pelo Congresso, mas mantido preso pelo Supremo, e ainda assim abençoaria um sucessor.
A única certeza é que, mesmo preso, Jair segue causando.



