
A rejeição da Medida Provisória 1.303, que previa o aumento de tributos sobre apostas esportivas e rendimentos de grandes fortunas, provocou uma forte onda de indignação nas redes sociais. De acordo com levantamento da consultoria Nexus, divulgado nesta sexta-feira por Lauro Jardim, em O Globo, o termo “cortem as emendas” alcançou o topo dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter), refletindo o descontentamento popular com o Congresso Nacional.
Segundo o estudo, até as 9h da manhã, a hashtag já havia sido mencionada 1,1 milhão de vezes. Outra expressão, “Congresso inimigo do povo”, aparecia em quinta posição entre os trending topics, com 2,73 milhões de citações. A mobilização digital expõe o crescente desgaste entre os parlamentares e a população após a derrubada da MP, que poderia gerar cerca de R$ 17 bilhões em receitas extras para o governo federal.
Polarização e mobilização nas redes
A análise da Nexus aponta que, entre quinta e sexta-feira, foram registradas 361 mil publicações em português no X, feitas por aproximadamente 74 mil usuários únicos. O debate foi marcado por forte polarização: de um lado, usuários denunciaram a influência do lobby das casas de apostas e defenderam a medida como uma forma de justiça fiscal; de outro, opositores do governo ironizaram a proposta, popularizando o apelido “Lule pai das bets” para criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A disputa narrativa se espalhou também pelo Facebook e Instagram, que registraram 3,1 mil postagens relacionadas ao tema. Entre os termos mais recorrentes estavam “Lula”, “Congresso Nacional”, “MP do IOF” e “17 bilhões”. As menções expressaram tanto críticas ao Parlamento quanto frustração com o governo pela derrota da proposta.
Contexto político e reação pública
A Medida Provisória 1.303 integrava o pacote de ações econômicas voltadas à ampliação da arrecadação federal. O texto previa regras mais rígidas de tributação para empresas de apostas esportivas e cassinos online, além de cobranças adicionais sobre grandes fortunas.
A decisão do Congresso de rejeitar a MP foi interpretada por analistas como um sinal de resistência do Legislativo ao Palácio do Planalto, em meio à disputa por controle orçamentário e pela liberação de emendas parlamentares. Nas redes, entretanto, a insatisfação voltou-se contra os próprios congressistas, acusados de proteger interesses privados e de sabotar medidas voltadas ao equilíbrio fiscal.