
O Reino Unido e Portugal devem oficializar neste domingo (21) o reconhecimento do Estado da Palestina, segundo a Rádio França Internacional (RFI). A decisão ocorre em meio à intensificação da guerra na Faixa de Gaza e antecede a abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde outros dez países também devem anunciar a mesma posição. Atualmente, cerca de 75% dos membros da ONU já reconhecem a Palestina, proclamada em 1988.
O gesto britânico tem grande peso político e simbólico, já que Londres é historicamente um aliado próximo de Israel. O primeiro-ministro Keir Starmer havia condicionado a medida a compromissos israelenses, como a implementação de um cessar-fogo em Gaza. Diante da escalada da ofensiva militar israelense, no entanto, ele decidiu antecipar o anúncio, acreditando que a iniciativa pode abrir caminho para novas negociações de paz. Em resposta, o premiê israelense Benjamin Netanyahu acusou o Reino Unido de recompensar o “terrorismo monstruoso”.
Portugal confirma decisão e reforça pressão diplomática
O governo português também confirmou que oficializará o reconhecimento neste domingo. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a decisão foi tomada diante dos “desenvolvimentos extremamente preocupantes do conflito, tanto no aspecto humanitário quanto nas repetidas referências a uma possível anexação de territórios palestinos”.
Lisboa já havia sinalizado essa posição em julho, mas a rápida deterioração da situação em Gaza acelerou o anúncio. Nos últimos meses, outros países tradicionalmente próximos de Israel também adotaram a mesma postura.
Guerra intensifica pressões por solução de dois Estados
O conflito ganhou nova dimensão após o ataque do Hamas, em outubro de 2023, que deixou mais de 1,2 mil mortos em Israel. A resposta militar de Tel Aviv, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza, já resultou em mais de 65 mil mortes entre palestinos.
Esse cenário fortaleceu o movimento internacional em favor da solução de dois Estados, considerada pela ONU e por diversas nações como a única saída viável para encerrar décadas de violência.
ONU debate futuro da Palestina
Na Assembleia Geral da ONU, o vice-primeiro-ministro britânico David Lammy representará o Reino Unido. Ele afirmou que o reconhecimento é uma consequência direta da “expansão dos assentamentos na Cisjordânia, da violência dos colonos e da intenção de implementar projetos como o E1, que minaria seriamente a solução de dois Estados”.
Lammy reforçou, no entanto, que a libertação dos reféns permanece essencial e que “não pode haver espaço algum para o Hamas” no processo de paz.