
O governo Lula (PT) planeja adotar medidas emergenciais para proteger empregos nos setores mais impactados pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. A estratégia principal replica o modelo do “Apoio Financeiro RS”, programa criado para socorrer trabalhadores gaúchos após as enchentes de 2023.
O programa emergencial prevê o pagamento de duas parcelas de um salário mínimo (R$ 1.518) diretamente aos trabalhadores formais de empresas afetadas, incluindo aprendizes e estagiários. Em contrapartida, os empregadores deverão manter os postos de trabalho por quatro meses, o dobro da duração do benefício. A medida visa especialmente preservar o poder aquisitivo de trabalhadores de baixa renda.
Inspirado no Benefício Emergencial (BEm) da pandemia, o auxílio exigirá que as empresas comprovem perdas no faturamento devido à queda nas exportações para os EUA. O decreto de Trump, publicado na quarta-feira (30), estabelece tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, totalizando 50% para produtos como carnes, têxteis e calçados, enquanto isenta 694 itens, incluindo suco de laranja e peças aeronáuticas.
Além do apoio direto aos trabalhadores, o governo estuda:
– Suspensão temporária do recolhimento do FGTS;
– Adoção de lay-off com parcelas pagas pelo FAT;
– Linhas de crédito especiais com taxas reduzidas via FGO.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que as medidas buscarão minimizar o impacto fiscal, mas indicou que os gastos podem ficar fora das metas diante do “cenário excepcional”. O governo projeta que o auxílio será temporário, até que as empresas consigam redirecionar sua produção.
Enquanto isso, o varejo mobiliza-se para mensurar os efeitos indiretos da medida. A Abras lidera um estudo da RC Consultores que prevê:
– Impacto inicial significativo em setores não isentos
– Reorganização gradual ao longo de 30 meses
– Possível desorganização das cadeias produtivas internas
“Embora o varejo não esteja diretamente envolvido no tarifaço, indiretamente está muito afetado, já que pode sobrar produtos no mercado interno” explicou Paulo Rabello de Castro, economista responsável pela análise, ao Globo. O estudo, que considerou a carta original de Trump de 9 de julho, será adaptado para incluir as 700 exceções anunciadas, mas mantém a projeção de impacto significativo no curto prazo.