
A escolha de María Corina Machado para o Prêmio Nobel da Paz de 2025 ocorre em meio a uma forte rejeição popular na Venezuela. Segundo um estudo divulgado pela empresa Datanálisis no último dia 22 de setembro, 64,6% dos venezuelanos desaprovam a atuação da líder da oposição de extrema direita, especialmente em relação à sua postura frente ao processo de negociação nacional. A pesquisa evidencia um descompasso crescente entre Machado e a população venezuelana, com a maior parte dos entrevistados classificando seu papel político de forma negativa.
De acordo com o levantamento, 26,5% dos participantes consideraram o papel de Machado como “muito ruim”, enquanto 20,3% o definiram como “ruim”. Apenas 17,8% expressaram uma opinião mais neutra, classificando sua atuação como “regular”, mas ainda assim inclinada para o lado negativo. Esse resultado reflete uma queda significativa na popularidade da opositora, que já foi vista com mais simpatia por uma parte da população, mas, ao longo do tempo, foi sendo associada a uma agenda política cada vez mais alinhada aos interesses dos Estados Unidos, o que parece ter enfraquecido sua base de apoio dentro do país.
A pesquisa também mostrou que apenas 18,6% dos entrevistados expressaram uma opinião favorável sobre a dirigente, sendo que somente 5,7% consideraram sua atuação “boa” e 9,7% a qualificaram como “regular para boa”. Esses números indicam uma queda considerável em relação a medições anteriores, refletindo o crescente desinteresse e desconfiança popular em relação ao seu projeto político, que, segundo críticos, se distancia das reais necessidades da população venezuelana.
O estudo de Datanálisis aponta que a rejeição a Machado está diretamente ligada à sua postura de constante oposição aos diálogos de paz propostos pelo governo de Nicolás Maduro. O fracasso em dialogar com o Executivo tem sido um ponto de crítica constante por parte de uma parcela significativa da sociedade, que vê essas negociações como uma oportunidade para resolver a crise política e econômica que aflige o país.
Além disso, as autoridades venezuelanas têm denunciado publicamente os vínculos de María Corina Machado com planos desestabilizadores, identificados ao longo do ano. Esses planos, que visavam incitar violência e insegurança no país, foram supostamente coordenados com o apoio de figuras políticas dos Estados Unidos, como o secretário de Estado Marco Rubio. A oposição de Machado a esses mecanismos de diálogo, bem como suas solicitações de intervenção externa, como a que fez em 2018 ao governo de Israel, continuam a ser um ponto de atrito com uma parte significativa da população.
Ainda de acordo com outra pesquisa, realizada pela Dataviva, o índice de rejeição a Machado atinge 92% entre os venezuelanos, reforçando a ideia de que sua liderança está cada vez mais distante das expectativas de boa parte da população. O levantamento destaca a defesa da soberania nacional como um fator central na percepção popular, com uma maioria da população se opondo a qualquer tipo de interferência externa na política interna da Venezuela.
Esse cenário de baixa popularidade ocorre em um contexto de crescente unidade em torno do governo de Nicolás Maduro, que tem fortalecido a base de apoio interna, ao mesmo tempo em que a oposição extrema, representada por figuras como María Corina Machado, tem sido criticada pela sociedade venezuelana por sua postura intransigente e pela rejeição aos diálogos que buscam uma saída pacífica para a crise política do país.