Os deputados Luciene Cavalcante (federal), Carlos Giannazi (estadual) e o vereador Celso Giannazi, todos do PSOL, protocolaram nesta quarta-feira (7) uma representação no Ministério Público contra a Prefeitura de São Paulo. A ação pede a abertura de inquérito para investigar o cancelamento da realização da Flipei (Festa Literária das Editoras Independentes) na Praça das Artes, decisão tomada pela Fundação Theatro Municipal, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura.
Segundo a fundação, o evento não foi autorizado devido a “uso político” por parte dos organizadores. Em nota, o órgão afirmou que, embora a proposta inicial fosse promover literatura independente, a programação teria “conteúdo exclusivamente de apelo ideológico, com indisfarçável viés eleitoral”. A gestão municipal alegou que a utilização do espaço público sem anuência da fundação não seria permitida e que a feira teria se desviado de sua proposta original.
Na representação, os parlamentares do PSOL sustentam que a decisão prejudicou editoras independentes e violou direitos constitucionais, como a liberdade de expressão, o acesso à cultura e o pluralismo político. Eles apontam como responsáveis o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o secretário de Cultura, Totó Parente.
Os organizadores da Flipei afirmam que o cancelamento foi motivado por retaliação política, devido à participação de dois convidados: o historiador israelense Ilan Pappe, crítico do governo Binyamin Netanyahu, e o ativista brasileiro Thiago Ávila, detido por Israel em junho deste ano. A prefeitura, no entanto, nega motivação política direta na decisão.
Sem a Praça das Artes, a Flipei 2025 foi transferida para outros espaços da capital paulista, incluindo o Galpão Elza Soares, o Armazém do Campo e o Sol y Sombra. A abertura ocorreu no dia 6 de agosto, com a presença de Ilan Pappe, Soraya Misleh e Thiago Ávila, em evento no centro de São Paulo.
