
Na 80ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs uma força-tarefa da ONU para deter o genocídio palestino e fez contundentes críticas à política antidrogas dos Estados Unidos.
“Trump não só deixa que caiam mísseis contra os jovens no Caribe. Não só encarcera e acorrenta migrantes, mas permite que lancem mísseis contra crianças, jovens, mulheres e idosos em Gaza. Se faz cúmplice do genocídio, porque é genocídio e é preciso gritar isso uma e outra vez”, declarou, enquanto representantes da Casa Branca deixavam a sessão em protesto.
O presidente de Colômbia propôs uma “força armada para defender a vida do povo palestino” ao condenar a passividade global diante do massacre em curso. “Este recinto é testemunha muda e cúmplice de um genocídio no mundo de hoje, quando acreditávamos que era apenas propriedade de Hitler. Trump não fala de democracia, não fala de crise climática, não fala de vida, só ameaça, mata e deixa matar dezenas de milhares”, afirmou, reforçando a denúncia de cumplicidade internacional.
O presidente colombiano também desmontou a narrativa norte-americana de combate às drogas e defendeu a abertura de um processo penal contra Donald Trump e os funcionários que autorizaram ataques a lanchas no Caribe. “A política antidrogas não é para deter a cocaína que chega aos Estados Unidos, a política antidrogas é para dominar os povos do sul em geral”, criticou.
Ele ressaltou que essas ações violam o direito internacional e não têm relação com o combate real ao tráfico. “Não eram narcotraficantes, eram simples jovens pobres da América Latina que não têm outra opção. Os narcotraficantes vivem em outra parte e não é na América Latina”, frisou Petro.
Em tom incisivo, acrescentou: “não sei se Trump sabe que sua política exterior para a Colômbia, Venezuela e Caribe é assessorada por colombianos que são aliados políticos da máfia da cocaína. Eu mesmo denunciei com nome próprio esses políticos do paramilitarismo narcotraficante.”
@petrogustavo / UNGA
Resultados da política colombiana
Apesar da “descertificação” de seu governo por Washington, Petro destacou avanços inéditos no combate ao narcotráfico. “Em 2023 e 2024 — sob meu mandato — foram os anos em que mais cocaína foi apreendida. A cocaína foi apreendida pelo meu governo e não lançamos um só míssil, nem assassinamos nenhum jovem”, disse. O presidente frisou que mais de 700 chefes do narcotráfico foram extraditados para a Europa e os Estados Unidos, desmentindo a justificativa norte-americana de ataques militares. “Os mísseis no Caribe eram para deter as drogas? É mentira”, cravou.
Petro reforçou que mudou o enfoque repressivo das administrações anteriores, apostando na substituição voluntária dos cultivos de coca. “Tenho mudado a fracassada e violenta guerra contra as drogas com a política anti-narcotraficante, que é diferente. A política antidrogas não é para a saúde pública da sociedade, mas para a política do poder”, explicou. Segundo ele, sua gestão reduziu em 40% o crescimento dos cultivos de folha de coca em comparação com o governo de Iván Duque, “a quem nunca retiraram a certificação porque tinha um financiador narcotraficante em sua campanha”.
O presidente alertou ainda que “o fentanil se produz no aparelho industrial dos Estados Unidos” e que “o autoconsumo norte-americano deriva o pior do que se pôde entender de drogas na história da humanidade.” Para Petro, enquanto cartéis fazem acordos com a DEA para traficar em África, Europa, Rússia ou China, o problema real é interno e não latino-americano.
Ele encerrou afirmando que “a América Latina não é só coca, terroristas ou narcotraficantes”, destacando as potencialidades naturais e industriais da região e agradecendo a países como Catar, Cuba, México, Vaticano, Noruega, Brasil e Venezuela pelo apoio aos processos de paz. “Falo diante de vocês como um presidente des-certificado pelo próprio presidente Trump”, concluiu, acusando os Estados Unidos de tentar “forçar dezenas de milhares de camponeses” por meio de uma política que, segundo ele, serve para “impedir que a América Latina faça luz e chegue de novo a hora dos povos”.
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