POLÍTICA

Pescado, couro, café e madeira: os setores mais afetados pelo tarifaço americano

Trabalhador opera linha de produção da indústria de pescados Atum do Brasil, que fica no Espírito Santo – Divulgação/Atum do Brasil

O tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já provoca cortes de produção, férias coletivas e incerteza em diversos setores da economia. Empresas de pescado, couro, eletrônicos, madeira e café relatam prejuízos imediatos e afirmam que o mercado interno não consegue absorver o volume de mercadorias antes exportado para o país governado por Donald Trump. Com informações da Folha de S.Paulo.

No Espírito Santo, a Atum do Brasil, responsável por até 80% de suas vendas para os EUA, afirma viver a pior crise de sua história. O empresário Mauro Lucio Peçanha diz que a sobretaxa ameaça 1.500 empregos diretos e indiretos e pede urgência em medidas de apoio do governo federal e estadual. No Rio Grande do Sul, a A.P. Müller, do setor coureiro, já reduziu jornadas e deu férias coletivas, enquanto busca alternativas de mercado que podem levar até um ano para se concretizar.

Também no RS, a fabricante de eletrônicos Novus antecipou embarques e lotou estoques nos EUA para garantir vendas por três meses, mas teme o futuro caso a medida se mantenha. A empresa estuda instalar uma base de montagem no território americano para contornar a tarifa, mas alerta que isso encareceria a operação no Brasil.

No Paraná, a Randa, produtora de portas e molduras, opera com metade da capacidade e colocou funcionários em férias coletivas após o cancelamento de pedidos. O CEO Guilherme Ranssolin afirma que 55% do faturamento vem dos EUA e que o impacto se estenderá para toda a economia local de Bituruna, onde vivem pouco mais de 15 mil pessoas.

Gôndola de café em um supermercado. Foto: reprodução

Em Minas Gerais, a produtora de cafés especiais Raquel Meirelles teme perder 500 das 2.000 sacas gourmet previstas para exportação aos americanos nesta safra. Ela avalia enviar parte da produção via Colômbia, mas teme que clientes não assumam o custo extra de frete. A Associação Brasileira de Cafés Especiais já negocia com importadores para tentar dividir o peso da sobretaxa.

Empresários de todos os setores atingidos defendem que o governo acelere negociações diplomáticas para reverter ou reduzir o impacto da medida. Enquanto isso, cadeias produtivas inteiras seguem ameaçadas, com efeitos que podem se espalhar para comércio, serviços e arrecadação nas cidades mais dependentes das exportações para os EUA.

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