
A disputa entre Colômbia e Peru por uma ilha que surgiu no rio Amazonas saiu do campo diplomático e chegou ao militar, com ambos os países enviando tropas para a região. A ilha de Santa Rosa, localizada na tríplice fronteira com o Brasil, tornou-se o centro de uma crise que ameaça redesenhar os limites fluviais entre as nações.
O conflito se intensificou nesta semana quando o Peru enviou militares à ilha e hasteou dezenas de bandeiras nacionais no território. Em resposta, a Colômbia reforçou suas tropas na cidade fronteiriça de Letícia.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, visitou a região na quinta-feira (7) e questionou a ação peruana: “Eu quero que eles me expliquem por que chegou um helicóptero com militares à ilha de Santa Rosa se ainda não foi decidido que essa ilha é peruana”.
A origem da disputa
A crise começou no ano passado, mas escalou após o Peru aprovar em julho uma lei que criou o distrito de Santa Rosa de Loreto, incorporando formalmente a ilha ao seu território. Cerca de 3 mil pessoas vivem na área, que sofre com a falta de infraestrutura básica, segundo o G1.
Petro acusou o Peru de violar o tratado de fronteiras de 1922, afirmando em suas redes sociais que o país vizinho “se apropriou” da ilha. O governo colombiano argumenta que, por ter surgido após o acordo original, Santa Rosa deveria ser objeto de nova negociação.
“A Colômbia não aceita o ato unilateral de anexação da ilha de Santa Rosa por parte do Peru, isso significaria perder o acesso ao Rio Amazonas em Letícia”, afirmou o presidente colombiano em publicação no X.
Se inicia un posible dialogo con el actual gobierno peruano, a través de la comisión mixta de fronteras para el próximo 11 y 12 de septiembre.
Colombia no acepta el acto unilateral de anexamiento de la isla de Santa Rosa, por parte de Perú, eso significaría perder el acceso al…
— Gustavo Petro (@petrogustavo) August 7, 2025
Estudos indicam que até 2030 o curso do Amazonas pode mudar, deixando a cidade colombiana de Letícia sem acesso direto ao rio. “A ideia do tratado era justamente que todos os países fossem contemplados com margens para o rio Amazonas”, explicou Petro ao jornal El País.
Enquanto autoridades trocam acusações, moradores como Arnold Pérez defendem a soberania peruana: “Tudo aqui é e sempre foi peruano: a comida, as pessoas, as escolas, a bandeira”.
A tensão ocorre em meio a relações já fragilizadas desde 2022, quando Petro classificou a destituição do então presidente peruano Pedro Castillo como golpe de Estado. Atualmente, os países mantêm relações diplomáticas apenas por meio de encarregados de negócios.
Enquanto o Peru afirma exercer “direitos soberanos legítimos” sobre a área há mais de um século, a Colômbia insiste em resolver a questão por vias diplomáticas, mas não descarta outras medidas para proteger o que considera seu território nacional.