POLÍTICA

Pen drive no banheiro de Bolsonaro intriga PF e levanta suspeita de esquema com criptomoedas

Em meio ao pùntano de investigaçÔes que encurrala o clã Bolsonaro, uma peça, até então mantida na penumbra dos inquéritos, pode ser a chave para desvendar um esquema de movimentação financeira. Fontes da Polícia Federal em Brasília adiantaram ao DCM informaçÔes sobre o pen drive escondido no banheiro do ex-presidente.

A hipĂłtese que se desenha Ă© que o dispositivo pode ser, na verdade, uma “cold wallet” – uma carteira fria de criptomoedas.

Para o cidadão comum, um pen drive serve para guardar fotos, documentos de texto ou apresentaçÔes. No submundo das finanças ilícitas, no entanto, sua função pode ser outra. Modelos de armazenamento de criptoativos em dispositivos offline são a ferramenta predileta para quem deseja lavar dinheiro e praticar evasão de divisas.

MilhĂ”es de reais, obtidos de fontes obscuras – como as famigeradas “rachadinhas” ou supostos esquemas de corrupção –, sĂŁo convertidos em criptomoedas como Bitcoin (BTC) ou Ethereum (ETH). Uma vez digitalizado, o dinheiro perde seu rastro fĂ­sico. O passo seguinte Ă© transferir esses ativos digitais para uma “cold wallet”.

Diferente das corretoras online (hot wallets), que sĂŁo conectadas Ă  internet e rastreĂĄveis, a carteira fria Ă© um cofre offline. O pen drive, uma vez carregado com as chaves de acesso Ă s criptomoedas, Ă© desconectado da rede, tornando-se um fantasma para o sistema financeiro tradicional e para a Receita Federal.

Com esse dispositivo no bolso, uma pessoa pode cruzar fronteiras transportando fortunas sem que um Ășnico dĂłlar seja detectado em scanners de aeroporto ou em contas bancĂĄrias. Ao chegar em um paraĂ­so fiscal ou em paĂ­ses com regulação frouxa, como os Estados Unidos, basta conectar o pen drive a um computador, acessar os fundos e convertĂȘ-los novamente em moeda local. É a evasĂŁo de divisas em sua forma mais pura e tecnolĂłgica, um crime perfeito para a era digital.

É bom lembrar que ainda foram encontrados 14 mil dólares e 7 mil reais em dinheiro vivo.

A suspeita ganha força quando se observa o contexto. As investigaçÔes sobre a venda de joias e presentes oficiais nos Estados Unidos, operada por figuras de confiança de Bolsonaro, como seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, levantam uma questão óbvia: como o dinheiro dessas transaçÔes retornava ao Brasil ou era utilizado no exterior sem levantar alertas?

Teria o esquema de criptoativos servido para “limpar” esses valores? Seria essa a ponta do iceberg de uma estrutura montada para financiar a vida nababesca do clã no exterior e, quem sabe, para financiar atos antidemocráticos, longe dos olhos do Coaf e do Banco Central?

O que continha, afinal, o pen drive encontrado no banheiro? Seriam apenas arquivos pessoais ou as chaves criptográficas de uma fortuna digital? Se a Polícia Federal conseguir quebrar a criptografia do dispositivo – uma tarefa notoriamente difícil –, o que revelará?

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