
A Polícia Civil de São Paulo investiga o pastor Davi Nicoletti, fundador da Igreja Recomeçar e apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro, por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro. A apuração foi revelada pelo portal Metrópoles nesta quarta-feira (17), com base em documentos oficiais da investigação.
De acordo com um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a igreja comandada por Nicoletti recebeu mais de R$ 4 milhões, entre 2018 e 2019, de pessoas ligadas à empresa MDX Capital Miner Digital LTDA — acusada de operar uma pirâmide financeira com criptomoedas. A movimentação atípica chamou a atenção das autoridades por não apresentar justificativa econômica consistente.
Segundo os investigadores, os repasses financeiros teriam como objetivo disfarçar a origem ilícita do dinheiro obtido pela MDX, empresa que acumula dezenas de processos judiciais por suspeita de estelionato contra investidores.
“Com o intuito de maquiar lastros do dinheiro arrecadado de forma fraudulenta, tais pessoas enviaram valores à conta da Igreja Ministério Recomeçar, de propriedade do pastor Davi Nicoletti”, afirma trecho do inquérito. Ainda segundo o relatório, as transferências não tinham explicações econômicas claras.
Nicoletti ganhou notoriedade nas redes sociais por declarações controversas durante cultos. Em um vídeo que viralizou, o pastor afirmou: “Eu odeio pobre. E eu vou dizer que Jesus nunca foi pobre. E se te falaram isso, mentiram”. Em outra gravação, chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ladrão”.
As falas geraram forte repercussão e críticas públicas. Com mais de 70 mil seguidores no Instagram, o pastor defende a teologia da prosperidade e incentiva seus fiéis a buscarem sucesso financeiro como expressão da fé cristã.
A defesa de Davi Nicoletti nega qualquer ligação com atividades ilegais e afirma que as acusações são infundadas.