
Bolsonaro se transforma num presidiário encarcerado em casa, mesmo que possa andar por Brasília das 7h da manhã às 19h. Jantar com Valdemar Costa Neto, nem pensar. E não pode sair de casa nos fins de semana.
Como passa a ser monitorado com a tornozeleira que já está usando, Bolsonaro não terá muito entusiasmo em passear. Será um homem de pijama, até o dia em que será preso, se um dia for.
Mas há uma medida de Alexandre de Moraes que nos tira o direito de acompanhar as falas de Bolsonaro nas redes sociais. Ao afastar o chefe do golpe das redes, o ministro nos sequestra uma diversão.
E também oferece a Bolsonaro a chance de não errar e de não cometer novos crimes em conversas com os golpistas. Como aconteceu com o véio da Havan, que em agosto de 2022 teve celulares apreendidos e foi tirado das redes por Moraes sob a acusação de conspirava pelo golpe.
O véio, sempre ativo nas redes, com 122,6 milhões de seguidores, do Brasil à Patagônia, de Kiribati à Irlanda, livrou-se de dizer e escrever besteiras durante toda a armação do golpe.
E dois anos depois, em agosto de 2024, teve seu direito restaurado por Moraes e voltou a frequentar a internet.
A decisão de Moraes, lá em 2022, acabou oferecendo um habeas ao sujeito, que assim não cometeu barbeiragens e delitos, como os que motivaram a acusação e a investigação em torno dele e de outros sete tios do zap, todos amigos do véio.
Com o catarinense de fora das redes, ficamos sem a presença desse que muitos consideram o Nelson Rodrigues da extrema direita, pelo estilo inconfundível, barulhento como um rock de garagem, que mistura sarcasmo, ginga, indolência, humor e sacadas magistrais, sempre no tom certo.
Ficamos dois anos sem os textos e os vídeos do véio, que voltou sem a mesma inspiração e não é mais o grande criador de conteúdo do bolsonarismo, o mago das tiradas terrivelmente imprevisíveis e geniais.
Bolsonaro não tem o talento do véio da Havan, esse pândego até hoje impune, mas fará falta. Vamos nos consolar com as intervenções de Carluxo, que passa ser seu porta-voz.

E continuaremos desfrutando dos vídeos de Eduardo nos Estados Unidos, mas que têm se repetido e mostrado um sujeito cada vez mais moderado.
Dudu precisa se reinventar, como a direita gosta de dizer, como o maior de todos os golpistas sem tornozeleira, ou se tornará um chato.
Precisa ser menos bananinha e mais bananão, mais impositivo, mais assertivo e mais terrivelmente ameaçador. Eduardo precisa ser o que o véio da Havan já foi um dia, com sua espantosa, impactante e magnificente capacidade de criação.