
A correspondente da Globo em Washington obrigou Trump a dizer que conversaria com Lula sobre o tarifaço. E ainda conseguiu arrancar do neofascista uma acusação contra Lula, de que o presidente brasileiro fez “a coisa errada”.
No meio da maçaroca de repórteres, no pátio da Casa Branca, Raquel Krähenbühl não só conseguiu fazer a primeira pergunta sobre o Brasil, como foi em frente, falou mais alto na gritaria e emplacou mais três perguntas.
Mas aquela era uma guerra de repórteres, numa das mais temidas situações enfrentadas pelos jornalistas: quando, por uma vacilada ou uma voz baixa de quem pergunta, o entrevistado desaparece e o repórter não consegue abrir a boca em meio ao salve-se quem puder de dezenas de colegas.

Raquel conseguiu. O contexto todo e a empáfia do entrevistado compõem uma cena de filme de gângster.
Abaixo, a sequência da conversa da correspondente com Trump:
Raquel Krähenbühl: Você está aberto a negociar com o Brasil? O presidente Lula disse que gostaria de ligar. Se ele pedisse para conversar, você falaria com ele agora?
Donald Trump: Ele pode conversar comigo quando quiser.
Raquel: Você está disposto a negociar as tarifas?
Trump: Sim, ele pode conversar comigo quando quiser.
Raquel: O que está na mesa para o Brasil?
Trump: Vamos ver o que acontece. Mas eu amo o povo do Brasil.
Raquel: Então, por que tarifas de 50%? Elas não parecem ter relação com o comércio.
Trump: As pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada.
(Aqui de longe, sentadinho na frente da TV, alguém pode dizer que faltou perguntar o que seria a coisa errada. Mas Trump respondeu a última pergunta já no meio do tiroteio das intervenções de outros jornalistas e logo foi embora. Viva o jornalismo. Raquel Krähenbühl brilhou mais uma vez.)