
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que não se sente responsável pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em sua decisão, Moraes citou Nikolas como parte da estratégia do ex-capitão para coagir a Corte, após o parlamentar realizar uma chamada de vídeo com Bolsonaro durante manifestação na avenida Paulista, no domingo (3).
“Não me sinto responsável. O Alexandre de Moraes cavou essa falta”, disse Nikolas à colunista Malu Gaspar, do Globo. “Ele coloca uma medida cautelar completamente ampla. Ele queria a prisão domiciliar do Bolsonaro.”
Durante a ligação feita no protesto, Bolsonaro permaneceu em silêncio. Mesmo assim, Moraes entendeu que Nikolas usou o gesto para “impulsionar as mensagens proferidas na manifestação na tentativa de coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, com amplo conhecimento das medidas cautelares impostas”.
Nikolas rebateu a avaliação do ministro: “Eu literalmente só liguei e ele viu seus apoiadores. Bolsonaro agora não pode ver as pessoas?”, questionou.
“Tentaram calar um homem, mas levantaram milhões de vozes, Bolsonaro não pode falar, mas pode ouvir, nós te amamos” Nikolas Ferreira
Brasil Acima do STF #ForaLulaForaMoraes
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A chamada de vídeo entre Nikolas e Bolsonaro foi um dos elementos considerados por Moraes para agravar as medidas contra o ex-presidente. O ministro também mencionou uma ligação similar feita por Bolsonaro ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), durante o mesmo ato. Nesse caso, o ex-presidente falou no viva-voz, o que também teria infringido as restrições impostas pela Justiça desde o dia 18 de julho.
“O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil na rede social Instagram com a finalidade de omitir a transgressão legal”, escreveu Moraes.
Bolsonaro já cumpria medidas como o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com diplomatas e com o uso de redes sociais, direta ou indiretamente. Agora, com a nova ordem, o ex-mandatário está em prisão domiciliar integral e impedido de utilizar celular ou receber visitas sem autorização prévia da Justiça.
Mais ataques
Ao ser questionado se tomaria alguma providência para justificar a ligação com Bolsonaro, Nikolas elevou o tom contra o STF e criticou novamente Moraes.
“Vou recorrer a quem? O que legalmente nós podemos fazer contra uma tirania? O que tem para ser feito, obviamente, só tem dois caminhos: anistia ampla, irrestrita e geral para o [presidente da Câmara] Hugo Motta pautar e impeachment do Moraes para o Davi Alcolumbre [presidente do Senado]”, declarou.
Para o deputado mineiro, só há uma saída: “Para mim só há um caminho, tirar o Alexandre de Moraes do STF. Os atos do Moraes sobre o 8 de janeiro precisam ser anulados e é preciso aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita para pacificar o país.”