POLÍTICA

Motta nega acordo com bolsonaristas e diz que presidência da Câmara é “inegociável”

Hugo Motta entre deputados bolsonaristas na Câmara. Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiu com firmeza às especulações sobre um suposto acordo com a oposição bolsonarista para pautar o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Em declaração à imprensa nesta quinta-feira (7), ele afirmou que a presidência da Casa “não negocia suas prerrogativas” e negou ter condicionado a retomada dos trabalhos legislativos à apreciação de qualquer pauta específica.

“A presidência da Câmara é inegociável. Quero que isso fique bem claro. As matérias que estão saindo sobre a negociação feita por esta presidência para que os trabalhos fossem retomados não está vinculada a nenhuma pauta. O presidente da Câmara não negocia as suas prerrogativas, nem com a oposição, nem com o governo, nem com absolutamente ninguém”, declarou Motta, referindo-se à ocupação da Mesa Diretora por deputados aliados de Jair Bolsonaro (PL).

Na noite anterior, parlamentares da oposição, incluindo integrantes do PL, do Novo e de siglas do Centrão como PP, União Brasil e PSD, encerraram a ocupação da Mesa após sinalizações de que haveria espaço para avançar com a proposta de anistia e com o projeto que trata do fim do foro privilegiado.

Bolsonaristas durante obstrução da Câmara. Foto: José Cruz/Agência Brasil

O movimento foi apresentado como resultado de um acordo costurado nos bastidores, mas Motta fez questão de desmentir qualquer envolvimento direto seu na negociação. “O acordo foi entre os partidos, não da presidência da Casa”, afirmou o deputado a interlocutores.

A tentativa de atribuir a Motta um papel ativo na negociação levou o presidente da Câmara a reforçar sua posição institucional. Ele deixou claro que qualquer entendimento político entre líderes partidários não compromete sua autoridade como chefe da Casa Legislativa. “Meu cargo é inegociável”, reiterou, ao rechaçar qualquer insinuação de que teria cedido às pressões da base bolsonarista.

Apesar de negar envolvimento direto, Motta reconheceu a contribuição de seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), para desmobilizar o impasse.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), chegou a se reunir com Lira durante a crise, e o atual presidente elogiou a postura do ex-presidente da Casa. “É natural que todos possam colaborar em momentos como aquele que nós vivemos nos últimos dias. Foi uma tensão que, acredito eu, a Casa não viveu na sua história recente. Então é natural que todos possam se juntar e sempre buscando, através do diálogo, resolver”, declarou.

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