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Mídia brasileira naturaliza ação da CIA contra um país vizinho da América do Sul

A autorização dada pelo governo de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, para que a CIA execute operações secretas na Venezuela expôs mais uma vez a complacência e a submissão da mídia brasileira diante das ações ilegais promovidas por Washington na América do Sul.

De acordo com reportagens publicadas pelo jornal Estado de S. Paulo e pelo Valor Econômico, Trump deu aval para missões clandestinas da agência americana com o objetivo de “retirar Nicolás Maduro do poder”, reforçando a política intervencionista que historicamente marca a presença dos EUA na região. A Folha de S. Paulo, em linha semelhante, tratou o tema com o mesmo enquadramento — como se a violação de soberania de um país vizinho fosse um ato normal de “geopolítica”.

Em nenhum dos grandes jornais o leitor encontrará indignação, denúncia ou questionamento ético sobre o fato de uma potência estrangeira orquestrar ações de espionagem e desestabilização política na América Latina. Ao contrário, as publicações se limitam a reproduzir a narrativa oficial norte-americana, que tenta justificar o intervencionismo sob o argumento de “combater ditaduras”.

Essa abordagem acrítica, repetida há décadas, reflete a velha submissão ideológica da imprensa brasileira à hegemonia dos Estados Unidos. Ao classificar a Venezuela apenas como “regime autoritário”, sem analisar o impacto do bloqueio econômico e das sanções impostas por Washington, os jornais reforçam o enquadramento colonial que vê a América Latina como quintal geopolítico.

normalização midiática da ingerência da CIA é um sintoma de dependência simbólica: os veículos reproduzem, quase automaticamente, o discurso do poder imperial. A omissão diante de um ato de agressão contra um país vizinho revela não apenas covardia editorial, mas também cumplicidade com uma narrativa que criminaliza governos independentes e legitima o uso da força.

Ao aceitar como “natural” a espionagem e a sabotagem promovidas por uma potência estrangeira, a mídia brasileira abdica de sua função crítica e reafirma um padrão histórico de colonialismo informativo, em que os interesses de Washington prevalecem sobre a verdade e sobre a soberania latino-americana.

Com Brasil 247

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