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Sakamoto: Nunes se alinha a Trump para sonhar com Tarcísio fora de São Paulo em 2026

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo. Foto: Divulgação

Por Leonardo Sakamoto, no UOL

O tarifaço de Donald Trump mexeu com os personagens não apenas da disputa ao Palácio do Planalto, em 2026, mas também os que sonham com o Palácio dos Bandeirantes. As declarações do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, alinhadas a Donald Trump e Tarcísio de Freitas, fazem parte de sua caminhada para tentar chegar ao governo de São Paulo.

“O que eu sinto como democrata é que ele [Jair] deveria disputar a eleição, para a população definir. Me parece que tirar alguém do cenário eleitoral, onde população vai ter o seu direito pleno da democracia, que é a escolha, me parece que não é o melhor caminho”, disse Nunes à Globonews.

Nunes não morre de amores pelo ex-presidente, que só embarcou de vez na sua canoa quando Pablo Marçal, o preferido do bolsonarismo-raiz, não foi para o segundo turno no ano passado. É grato a Tarcísio, que não o abandonou desde o começo. Defende Bolsonaro elegível como bandeira apenas, para ganhar pontos com os seguidores e aliados de Jair, mas ele não acredita nesse milagre.

A declaração do prefeito é uma crítica ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tornou o ex-presidente duplamente inelegível, e ao Supremo Tribunal Federal (STF), que caminha para condenar Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado ainda este ano e afastá-lo das urnas por décadas.

O comentário ocorre após Donald Trump atacar o Brasil por causa desse julgamento, dizendo que Jair é inocente, e Tarcísio compartilhar a postagem do norte-americano, afirmando que o ex-presidente “deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições”.

O prefeito ecoa as palavras de seu padrinho político no intuito de ser apontado como seu sucessor. Como disse na mesma entrevista, ele “não teria como negar” uma convocação de Tarcísio para disputar o governo. O que poderia ocorreria caso o governador decida se candidatar à Presidência da República.

Mas também respalda Tarcísio, em um momento em que o próprio vem sendo criticado por causa do tarifaço de Trump. O que ocorre tanto pelo campo democrático (que reclama que, no desejo de ser apontado como sucessor de Jair, passou pano para o ataque dos EUA) quanto pela extrema direita (que afirma que, ao responder à insatisfação de empresários contra o tarifaço, cria problemas para a efetividade dessa chantagem em nome de Bolsonaro).

Apesar de ele ter sido mais enfático contra as tarifas do que Tarcísio, Nunes saiu em defesa do padrinho, não o deixando na chuva sozinho, e ajudando a reforçar a sua posição junto ao bolsonarismo. O que é fundamental para que ele tenha chance de ser competitivo no ano que vem.

Aos celebrar as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente norte-americano, que citou o julgamento de Jair por tentativa de golpe de Estado como uma das razões, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro foi bem claro:

“Nos últimos meses, temos mantido intenso diálogo com autoridades do governo do presidente Trump — sempre com o objetivo de apresentar, com precisão e documentos, a realidade que o Brasil vive hoje. A carta do presidente dos Estados Unidos apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade”.

Ao gritar “fui eu!”, Eduardo buscou se diferenciar do governador paulista, frente aos seguidores mais radicais de seu pai, na disputa para ver quem será ungido pelo inelegível Jair a fim de representá-lo na eleição presidencial de 2026.

E ao se mostrar fiel mesmo na adversidade, Nunes quer ver uma chuva de bênçãos: Trump abençoa Bolsonaro, que abençoa Tarcísio, que abençoa Nunes.

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