POLÍTICA

Lula diz que não ligará para Trump sobre tarifaço: “Ele não quer falar”

O presidente Lula. Foto: Divulgação

O presidente Lula afirmou nesta terça-feira (5), durante evento no Itamaraty, que não planeja ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir o tarifaço que começará a valer amanhã, pois “ele não quer falar”. Apesar do governo brasileiro ter sinalizado abertura para o diálogo, não houve resposta de Washington, segundo o mandatário.

Segundo o Itamaraty, uma ligação diplomática depende de agendamento mútuo, logo, se o líder americano não demonstra interesse, o contato não é iniciado. Ainda assim, Lula disse que pode convocar Trump para participar da COP‑30 em Belém (10 a 21 de novembro), para discutir questões ambientais.

Ele também pretende convidar o presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Lula aproveitou a ocasião para criticar o tarifaço dos EUA, que deve atingir 35,9% das exportações brasileiras para o mercado americano.

São cerca de US$ 14,5 bilhões em produtos taxados em 50%. Através de negociações, 694 itens, entre suco de laranja, madeira e derivados de petróleo, foram excluídos da taxação, segundo informou o chanceler Mauro Vieira.

 

O presidente reforçou que o Brasil merece respeito no cenário internacional. “O presidente americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil”, declarou, acrescentando que a medida reflete agenda eleitoral e não interesse comercial legítimo.

Durante a 5ª Reunião Plenária do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável), Lula afirmou que o tarifaço de 30 de julho de 2025 marcará negativamente a relação Brasil–EUA. Ele lamentou a interferência nos poderes brasileiros e acusou “traidores da pátria” de apoiar interesses externos que fragilizam a soberania nacional.

Questionando também a crítica dos EUA ao Pix, o presidente disse que os americanos têm receio de perder espaço no setor financeiro se o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos se consolidar globalmente. “Se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer”, comentou, ressaltando o valor estratégico da tecnologia nacional.

Ainda no evento, Lula elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e afirmou que governar por todos exige mais esforço do que cuidar de apenas uma parte da população. Ele destacou que o país saiu do Mapa da Fome da ONU, embora este avanço tenha sido ofuscado pelo impacto do tarifaço.

O presidente concluiu afirmando que, em um governo que atende a todos, não é possível comunicar todas as ações realizadas. Ele reforçou: “Há muita coisa acontecendo todos os dias”, evidenciando o desafio de manter a sociedade informada em meio à complexidade dos temas econômicos, climáticos e sociais.

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