
Durante um almoço com Gilberto Kassab, presidente do PSD, o presidente Lula afirmou que políticos do Centrão e da oposição erram ao inviabilizar pautas de interesse do governo e apoiar as sanções do governo Donald Trump contra o Brasil. O petista alertou que essa postura pode ser interpretada como um ato contra o país e que parlamentares poderão pagar um preço político por isso.
Segundo a Folha de S.Paulo, o encontro ocorreu um dia após deputados bolsonaristas obstruírem votações e ocuparem a presidência da Câmara, num gesto de protesto contra o Supremo. Lula relembrou a Kassab que pesquisas mostram queda de popularidade entre políticos alinhados com as sanções americanas, evidenciando o desgaste que essa posição pode provocar.
Lula mencionou ainda que a reação do Brasil ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos será buscar novos parceiros comerciais. No almoço, o presidente elogiou o papel do PSD no Congresso, embora tenha sinalizado descontentamento com a atuação de parte do Centrão no Legislativo, especialmente no que diz respeito à fidelidade à base governista.
O PSD atualmente comanda três ministérios (Minas e Energia, Agricultura e Pesca), mas mantém dois nomes como pré-candidatos à Presidência: Ratinho Junior (PR) e Eduardo Leite (RS). Kassab, embora participe do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, tem mantido distância política de Lula e foi um dos que se solidarizaram com Jair Bolsonaro após sua prisão domiciliar.

Kassab avisou previamente a Gleisi Hoffmann que o PSD tem projeto próprio para 2026 e que qualquer aproximação com Lula não significa aliança eleitoral. A ministra respondeu que Lula está ciente disso. Participaram do almoço também os ministros do PSD e líderes no Congresso, como Antonio Brito e Jaques Wagner.
O encontro faz parte da estratégia de Lula de reforçar pontes com partidos que têm espaço no governo, mas demonstram insatisfação. Na semana passada, ele se reuniu com líderes do MDB e do União Brasil.
Apesar de ocuparem pastas importantes, partidos como PP, União Brasil e o próprio PSD frequentemente votam contra pautas do governo. O incômodo no Planalto cresceu após a postura desses partidos diante da crise provocada pelo tarifaço de Trump, quando lideranças evitaram criticar os EUA ou se posicionar em defesa do país.