
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (5/8) que pretende se tornar “cada vez mais esquerdista e mais socialista” durante seu governo. A declaração foi dada em discurso no Palácio do Planalto, após reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, e reforçada também durante a plenária do Conselhão, no Itamaraty.
Durante sua fala no Planalto, Lula se emocionou ao lembrar da própria juventude, quando passou fome, e criticou duramente os que são contra o uso de dívida pública para garantir políticas sociais.
“É preciso que a saiba que o Brasil pode fazer muito mais. Podemos melhorar muito a situação do país. A gente pode fazer muito mais coisa do que a gente esta fazendo. Esse é o desafio. Cada vez eu tenho que fazer mais. Significa que cada vez mais vou ficar mais esquerdista, mais socialista, e vou ficar achando que a gente pode mais”, disse o presidente, em tom enfático.
Lula também celebrou a retirada do país do Mapa da Fome, anunciada pela ONU no fim de julho. “Podemos melhorar muito a situação do país. A gente pode fazer muito mais do que está fazendo. Esse é o desafio”, afirmou, destacando o papel das políticas públicas no combate à insegurança alimentar.
Ainda no mesmo dia, Lula participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) e aproveitou para reforçar a defesa do Pix. “O Pix é um patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital”, declarou, sugerindo que até Donald Trump deveria experimentar o sistema: “Gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o Pix para ele pagar uma conta.”

O presidente atribuiu parte da tensão comercial com os Estados Unidos ao sucesso do sistema de pagamento brasileiro. “Se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer. É isso que está por trás dessa loucura contra o Brasil”, afirmou, em crítica indireta à política tarifária do governo norte-americano.
Sobre o tarifaço de 50% imposto pelos EUA a diversos produtos brasileiros, Lula relativizou o impacto da medida. “Tem esse problema dos Estados Unidos contra nós. Isso a gente resolve. É mais fácil resolver isso do que combater a fome e a miséria nesse país. É muito mais fácil”, disse.
Segundo ele, a fome exige uma resposta urgente e inegociável. “Eu, sinceramente, estou tomado de alegria”, afirmou, referindo-se aos avanços sociais de seu governo. “A crítica que fazem é porque a gente faz dívida para cuidar do povo. Pois eu farei quantas forem necessárias.”
Lula disse ainda que o Brasil não pode ser punido por desenvolver soluções próprias. “Nós não podemos ser penalizados por desenvolver um sistema gratuito como o Pix”, completou, relacionando os interesses comerciais dos EUA à resistência contra plataformas inovadoras fora do controle de grandes conglomerados financeiros.
Apesar do clima de embate com o governo de Donald Trump, Lula reforçou que pretende convidá-lo para a COP30, que será realizada em Belém, no Pará. “Quero saber o que ele pensa da questão climática”, declarou, evitando confrontos diretos.