
Na véspera da Reunião de Alto Nível “Democracia Sempre”, que acontece nesta segunda-feira (21), em Santiago, no Chile, os presidentes do Brasil, Espanha, Chile, Uruguai e Colômbia divulgaram uma declaração conjunta em defesa da democracia e de sua renovação diante dos desafios atuais.
O documento reconhece que, em várias partes do mundo, a democracia vive um momento delicado. Instituições enfraquecidas, discursos autoritários em ascensão, crescente apatia dos cidadãos, desigualdades persistentes e a disseminação de desinformação e ódio nas redes sociais compõem um cenário preocupante. A expansão do crime organizado, que mina a autoridade do Estado, também é citada como uma ameaça séria.
“Diante disso, não há espaço para inércia ou medo. É hora de esperança”, afirmam os líderes, destacando a responsabilidade dos governos progressistas em agir com coragem e lucidez frente às forças que tentam corroer a democracia. Eles defendem que a resposta aos problemas democráticos deve ser justamente “mais democracia” – fortalecida, renovada e capaz de responder às frustrações e expectativas da população.
A cúpula em Santiago é, segundo os signatários, uma continuidade do movimento iniciado durante a Assembleia Geral da ONU de 2023, liderado por Brasil e Espanha. Desta vez, o passo é mais ambicioso: consolidar a democracia como um bem comum global, com o envolvimento ativo não apenas dos governos, mas também da sociedade civil.
Participação além dos governos
Os chefes de Estado ressaltam que a construção de soluções conjuntas exige o envolvimento de diversos atores sociais – desde organizações civis e centros de pesquisa até a juventude. A ideia é clara: só com participação ampla será possível restaurar a confiança nas instituições e reconectar a democracia com sua vocação transformadora.
Compromisso com reformas e justiça social
Os presidentes também fazem um apelo pela rejeição a tendências autoritárias e pela promoção de reformas estruturais que enfrentem de forma concreta a desigualdade. Eles lembram que a democracia, além de ser o caminho mais seguro para a paz e a coesão social, é essencial para garantir oportunidades a todos.
A defesa do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos é apontada como um dever ético e político. “A democracia é frágil se não for cuidada”, alertam.
Governar com justiça, com eficácia, com direitos
A declaração termina com um chamado à ação: é preciso governar com eficácia e justiça, respondendo às demandas populares com políticas públicas concretas. “Defender a democracia, hoje, vai além de resistir: é também propor e avançar”, reforçam.
Assinam o documento:
- Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil
- Gabriel Boric Font, presidente da República do Chile
- Pedro Sánchez Pérez-Castejón, presidente do Governo da Espanha
- Yamandú Orsi Martínez, presidente da República Oriental do Uruguai
- Gustavo Petro Urrego, presidente da República da Colômbia