POLÍTICA

Japão enfrenta “emergência silenciosa” com declínio recorde da população

Pessoas com mais de 65 anos atualmente representam quase 30% da população do Japão

O Japão perdeu 908.574 habitantes em 2024, registrando o maior declínio populacional desde o início da série histórica em 1968. Segundo dados do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações divulgados em 6 de agosto, o país teve apenas 686.061 nascimentos — o menor número desde 1899 — e cerca de 1,6 milhão de mortes. Na prática, para cada bebê nascido, mais de duas pessoas morreram, configurando o 16º ano consecutivo de queda populacional.

O primeiro-ministro Shigeru Ishiba classificou a crise demográfica como uma “emergência silenciosa” e anunciou medidas de incentivo às famílias, como creches gratuitas e flexibilização da jornada de trabalho. Apesar dos esforços, o impacto tem sido limitado, e especialistas apontam que as taxas de natalidade seguem em queda devido a fatores culturais, econômicos e sociais enraizados.

O envelhecimento populacional avança rapidamente: pessoas com mais de 65 anos já representam quase 30% da população, segundo o Banco Mundial, a segunda maior proporção do mundo, atrás apenas de Mônaco. A população em idade ativa, de 15 a 64 anos, caiu para aproximadamente 60% do total. Esse cenário pressiona sistemas de previdência e saúde, enquanto áreas rurais sofrem esvaziamento e acumulam milhões de casas abandonadas.

A taxa de fertilidade no Japão é baixa desde a década de 1970. Foto: Getty Images

A imigração tem crescido, mas ainda enfrenta resistência em um país de perfil conservador. Em janeiro de 2025, o Japão atingiu o recorde de 3,6 milhões de residentes estrangeiros, cerca de 3% da população. O governo vem testando políticas para atrair mão de obra, como vistos para nômades digitais e programas de capacitação, mas a abertura é considerada tímida diante do ritmo de declínio populacional.

Entre as barreiras ao aumento da natalidade estão o alto custo de vida, salários estagnados, cultura de trabalho rígida e desigualdade de gênero. Mulheres japonesas relatam falta de apoio no papel de cuidadoras, o que desestimula a formação de famílias. A taxa de fertilidade — número médio de filhos por mulher ao longo da vida — está em nível baixo desde a década de 1970.

Com a população atual estimada em 124,3 milhões, autoridades alertam que, sem mudanças estruturais, o Japão continuará a perder habitantes em ritmo acelerado, com impactos diretos na economia, no mercado de trabalho e no equilíbrio social do país.

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