
Israel anunciou que limitará a entrada de ajuda humanitária em Gaza a 300 caminhões por dia a partir desta quarta-feira (15/10), metade do que foi acordado, e manterá a passagem de Rafah fechada, agravando a crise humanitária no território.
A decisão, comunicada pelo braço militar israelense COGAT às Nações Unidas, também inclui a proibição da entrada de combustível e gás, exceto para necessidades específicas de infraestrutura humanitária, em meio à fome e às tensões no cessar-fogo com o Hamas.
De acordo com uma declaração do COGAT vista pela mídia e confirmada pela ONU, a restrição é uma resposta à suposta violação pelo Hamas de um acordo sobre a libertação de corpos de reféns. A declaração afirma que “o Hamas violou o acordo sobre a libertação dos corpos de reféns mantidos na Faixa de Gaza. Como resultado, os líderes políticos decidiram impor uma série de sanções relacionadas ao acordo humanitário firmado”.
Até o momento, o Hamas entregou oito caixões de reféns, com pelo menos 23 presumivelmente mortos e um ainda desaparecido em Gaza. Resta saber se o regime de Tel Aviv reverterá a restrição à entrada de ajuda humanitária.
A porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) em Gaza, Olga Cherevko, confirmou o recebimento da notificação: “recebemos esta comunicação das autoridades israelenses” e expressou esperança de que a entrega dos corpos seja concluída e o cessar-fogo mantido.
Na sexta-feira, o COGAT havia projetado a entrada de 600 caminhões de ajuda humanitária diariamente durante o cessar-fogo, mas no domingo apenas 817 caminhões chegaram, de acordo com Cherevko.
Na segunda-feira, as travessias de Israel permaneceram fechadas, embora a ONU tenha coletado suprimentos dentro de Gaza, de acordo com o porta-voz adjunto Farhan Haq.
Entidades criticam
A decisão de Israel de manter fechada a passagem de Rafah, uma rota fundamental para a ajuda do Egito, foi criticada por organizações humanitárias. O porta-voz da UNICEF, Ricardo Pires, afirmou: “precisamos que todas as passagens sejam abertas. Quanto mais tempo Rafah permanecer fechada, maior será o sofrimento do povo de Gaza.”
Agência Wafa
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) relatou a chegada de 137 caminhões desde o fim de semana, enquanto o UNICEF entregou suprimentos essenciais, como barracas, lonas e kits de higiene. No entanto, até 400.000 pessoas na Cidade de Gaza não recebem assistência há semanas, de acordo com o PMA.
Organizações como o Conselho Norueguês para Refugiados, a CARE e a Oxfam enfrentam barreiras de registro, impedindo a entrada de seus suprimentos. “Estamos no limbo… As necessidades de uma população que sofre de fome há meses não serão atendidas com alguns caminhões”, disse a conselheira da Oxfam, Bushra Khalidi.
A Catholic Relief Services, por sua vez, obteve autorização para trazer suprimentos prioritários. O Fundo Humanitário de Gaza, apoiado pelos EUA, suspendeu temporariamente suas operações, desmantelando um de seus quatro pontos de distribuição, embora planeje fazer ajustes para continuar as operações.
A situação está piorando com relatos de violência, com pelo menos nove palestinos mortos na terça-feira em ataques israelenses em Gaza, de acordo com fontes médicas. A ONU já denunciou obstáculos à distribuição de ajuda, atribuídos a Israel e à ilegalidade local, onde dados recentes mostram que grande parte da ajuda é roubada por multidões ou grupos armados.
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